Folha de S. Paulo


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A disponibilidade de recursos no mundo hoje ainda é relevante, e o Brasil deve o quanto antes aproveitar as oportunidades da conjuntura internacional para apoiar a retomada da economia.

Os mercados têm apresentado volatilidade considerável. De um lado, a consolidação da recuperação dos EUA causou recuperação expressiva dos preços dos ativos do país. De outro, dúvidas estruturais sobre a evolução da atividade na China reduziram preços de commodities e outros ativos globais.

A China iniciou há algum tempo um processo de diversificação de sua base de crescimento -de uma política voltada a custos baixos e exportação para ênfase maior no mercado interno-, que tem enfrentado dificuldades. Ao longo dos últimos meses, Pequim deu sinais contraditórios que preocuparam analistas, com anúncios de grandes investimentos em meio a alta expressiva das dívidas públicas e privadas. Os mais pessimistas creem que o país possa caminhar para crise de endividamento similar à dos EUA em 2007/08. Dados mais recentes apontam para crescimento menor, mas sustentável, o que contribuiu para acalmar os mercados.

Já os EUA divulgaram dados de crescimento mais fracos, mas não o suficiente para abalar a recuperação. O mercado de trabalho segue melhorando, e a economia dá sinais de vitalidade. Questão importante é saber quanto risco o Fed (BC do país) tomará antes de subir juros na medida em que a inflação ainda não tornou essa decisão inevitável. Comunicado do Fed após a reunião da semana passada não trouxe novidades, mantendo a expectativa de alta moderada dos juros ainda este ano.

Mas o evento nos EUA com maior impacto potencial são as eleições. Se Donald Trump vencer a convenção republicana e ameaçar Hillary Clinton nas pesquisas, suas posições voláteis e radicais podem conturbar mais o cenário.

No lado europeu, o foco do curto prazo é a votação no Reino Unido sobre a permanência na União Europeia, em 23/6. Ela será determinante para o processo, até aqui crescente, de integração continental e pode também trazer volatilidade.

Já o Japão segue com economia relativamente estagnada e frustrou expectativas de que injetaria mais recursos
na economia.

Em resumo, a economia mundial avança em ritmo moderado, com vetores de crescimento tradicionais (EUA, Reino Unido e Alemanha) mantendo força, a China mais instável e o Japão com dificuldades de sustentar o crescimento.

É um quadro volátil cujos desdobramentos devem ser monitorados e, na medida do possível, antecipados, principalmente pela possibilidade de reduzirem a oferta de recursos na economia mundial que o Brasil tanto necessitará para ajudar a financiar a recuperação.


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