Folha de S. Paulo


Trump e o eleitor mediano

SÃO PAULO - O teorema do eleitor mediano afirma que, num sistema de escolha baseado em votação majoritária, sairá vencedor o resultado preferido pelo eleitor mediano.

Quem primeiro vislumbrou a questão, no final dos anos 20, foi o matemático americano Harold Hotelling, ao constatar que as plataformas dos candidatos tendiam a convergir em eleições majoritárias. Isso ocorria porque os postulantes vão ajustando suas promessas com o intuito de capturar o voto da maioria dos eleitores, mesmo que isso lhes custe o apoio dos mais radicais. Em 1948, o economista escocês Duncan Black formalizaria o teorema, inaugurando uma profícua colaboração entre a teoria da decisão e a ciência política.

Se o modelo é correto, e há fortes sugestões empíricas de que ele funciona bem, como explicar a persistência de Donald Trump na preferência dos eleitores republicanos?

O pré-candidato, que se notabilizou por posições extremadas e tonitruantes, aparece como franco favorito em praticamente todas as pesquisas que tentam antecipar quem será o indicado para concorrer pelo Partido Republicano, mas é derrotado em quase todas as simulações nacionais, qualquer que seja o concorrente democrata. Assim, a menos que os republicanos estejam dispostos a perder o pleito uma terceira vez, deveriam estar desesperadamente em busca de um candidato mais moderado, que pelo menos não afugente o tal do eleitor mediano.

Correndo o risco de depois ter de engolir minhas palavras, eu acho que estão no ponto de virada. Eles vêm testando algumas figuras para ver quem pode credenciar-se como o não radical com chances reais de vencer o pleito. Muitos nomes já estiveram nessa lista, mas, entre os que ainda permanecem na corrida, destacam-se o do senador pela Flórida Marco Rubio e do governador de Ohio, John Kasich. No momento, Rubio é o que parece ter caído nas graças da ala não suicida dos republicanos.


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