Folha de S. Paulo


Adivinhando o futuro

SÃO PAULO - A capacidade de conhecer o futuro é um dos grandes sonhos da humanidade. Rivaliza até com o gênio da lâmpada, já que permitiria ao detentor dessa habilidade acumular riquezas, evitar catástrofes, vencer guerras. Ele poderia, em suma, driblar o destino. É claro que, na maioria desses casos, o futuro previsto precisaria deixar de ser o futuro real, mas isso é detalhe.

O fato de que a previsão do futuro compreendida assim genericamente é uma impossibilidade física jamais foi suficiente para evitar que humanos se arriscassem na empreitada, seja com auxílio de forças místicas, como se dava com feiticeiros e adivinhos, seja com base em ciência, análises e informações. Em algumas situações, é possível fazer previsões com índices de acerto de 100%. É o que ocorre, por exemplo, com fenômenos como eclipses ou as marés.

Nós, porém, não nos contentamos só com a parte bem comportada da física. Também queremos saber se Dilma vai cair, quanto o dólar vai subir, quem vencerá o próximo pleito. É possível? Se aceitarmos índices de acerto bem mais modestos que 100% e limitarmos no tempo o escopo dos prognósticos, a resposta é sim. Um excelente livro que ensina a acertar previsões acaba de ser lançado. É "Superforecasting" (superprevisores), de Philip Tetlock e Dan Gardner.

Tetlock é o homem que, uma década atrás, num estudo clássico, mostrou ao mundo que cientistas sociais, jornalistas e economistas, na média, não se saíam melhor em seus prognósticos do que um chimpanzé lançando dardos. No novo trabalho, Tetlock esquece a média e escrutina aqueles indivíduos que conseguem sistematicamente se sair melhor que os outros, batendo o mercado e gente da comunidade de inteligência, que tem acesso a informações secretas.

Ao fazê-lo, produz um intrigante catálogo dos métodos, dos hábitos de pensamento e até dos traços de personalidade que fazem de algumas pessoas superprevisores.


Endereço da página: