Folha de S. Paulo


Discos voadores e abduções

SÃO PAULO - Realizou-se este fim de semana em Porto Alegre o 3º Fórum Mundial de Contatados, Abduzidos e Testemunhas, que reuniu entusiastas de ufologia de todo o Brasil. Discos voadores existem?

Para responder a essa pergunta, é preciso antes definir se há ou não vida em outros planetas. Como enviamos nossas sondas a pouquíssimos mundos, nós não sabemos. Ainda assim, boa parte dos pesquisadores, na esteira dos astrônomos Carl Sagan e Frank Drake, tende a achar que a vida é relativamente abundante no Universo. Os elementos que possibilitaram sua formação na Terra, afinal, estão presentes em toda parte.

E quanto à vida inteligente? Como mostrou Peter Ward, a ocorrência de vida multicelular (pré-requisito da inteligência) depende não só de química mas também de uma combinação de fatores astrofísicos e geológicos que tende a torná-la muito mais rara. Some-se a isso a vastidão do Universo e pode-se especular que, ainda que existam outras civilizações, elas podem estar tão longe que qualquer contato é impossível.

De toda forma, a ciência não pode em princípio excluir a possibilidade de que alienígenas inteligentes existam e visitem nosso planeta. Mas os ETs fazem isso? Aparentemente, não. Nos anos 60, após estudar dezenas de relatos de óvnis, a Universidade do Colorado publicou um relatório no qual afirmava que não valia a pena seguir pesquisando esse tipo de fenômeno, que envolve sempre uma interpretação errônea de eventos atmosféricos ou artefatos voadores "made in Earth". A conclusão foi referendada pela Academia Nacional de Ciências dos EUA.

Isso significa que todas as pessoas que dizem ter sido abduzidas são malucas de carteirinha? Talvez não. O que psicólogos que estudaram esses casos concluíram é que abduzidos provavelmente viveram uma alucinação indistinguível da experiência real. O cérebro é definitivamente um órgão bastante improvável.

helio@uol.com.br


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