Folha de S. Paulo


O peso das instituições

SÃO PAULO - Vinte e cinco anos atrás, caía o Muro de Berlim. De lá para cá, as coisas correram rápido. Apenas um ano depois da queda, assistíamos à reunificação da Alemanha. O novo país investiu pesadamente na porção leste. Estima-se que, nos últimos 20 anos, € 2 trilhões tenham sido colocados em projetos de desenvolvimento.

Os resultados vieram. O PIB per capita da parte Leste, por exemplo, dobrou nas últimas duas décadas. Não obstante, ainda é 33% inferior ao da região ocidental. Outros indicadores, como desemprego e expectativa de vida, seguiram trajetória semelhante: melhoraram muito, mas ainda não se igualaram aos do Oeste.

O interessante aqui não é tanto analisar o presente e o futuro, mas entender por que as duas Alemanhas se tornaram tão diferentes. Tratava-se, afinal, do mesmo povo, com acesso a recursos naturais semelhantes e que partiu das mesmas condições de devastação do pós-guerra.

Acredito que o experimento natural das Alemanhas seja uma boa corroboração da tese dos economistas Daron Acemoglu (MIT) e James Robinson (Harvard) de que uma das principais diferenças entre nações que dão certo e as fracassadas é a natureza de suas instituições. Se elas forem inclusivas, permitindo que a maioria da população tire proveito das oportunidades econômicas, o desenvolvimento surge como consequência; se forem extrativistas, isto é, erguidas com o propósito de favorecer uma elite, pode até ocorrer crescimento, mas seu fôlego será curto.

Ao caso da Alemanha, devemos acrescentar outros exemplos, como as Coreias e Nogales. A parte desta cidade que fica no Arizona (EUA) apresenta muito melhores indicadores que a situada em Sonora (México), muito embora a população e a geografia sejam as mesmas.

Obviamente não dá para creditar tudo às instituições, mas com exemplos tão eloquentes, fica difícil crer que não tenham nada a ver com isso.


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