Folha de S. Paulo


Design de interiores sob desafio

São Paulo se prepara para receber neste mês dois grandes eventos de design de interiores. Além de ocuparem edifícios históricos de patrimônio tombado, eles revelam o alto potencial deste mercado para a economia local.

A Casa Cor teve sua primeira edição em 1987 e atualmente acontece em 20 cidades brasileiras e em quatro capitais da América Latina (como Santiago, no Chile, e Lima, no Peru).

Pelo décimo segundo ano consecutivo, a mostra ocupa o Jockey Club com 72 ambientes. A expectativa é receber cerca de 200 mil pessoas.

"Pela primeira vez a entrada do evento será pelo bosque", me conta Pedro Ariel Santana, diretor de conteúdo do evento. Ele explica que os arquitetos foram pautados para desenvolver a "brasilidade" em seus projetos, buscando valorizar o design nacional.

A outra mostra é a Black, que em sua quarta edição ocupa a OCA, museu projetado por Oscar Niemeyer no Parque do Ibirapuera. Raquel Silveira, curadora do evento me diz que um desenho único de cenografia criará identidade para a exposição, com projeto do arquiteto Arthur Casas (responsável pelo projeto do Pavilhão do Brasil na Expo Universal, que começa em Milão).

Com quatorze ambientes ocupando o subsolo do edifício, a Mostra Black negociou com o museu uma contrapartida: restaurar o desenho do viário externo. "Uma ação simbólica que recupera as entradas 1 e 2, trazendo qualidade de circulação, aumentando a área verde do parque e permitindo o acesso rápido de taxis", descreve Afonso Luz, diretor do Museu da Cidade de São Paulo, que destaca os pontos positivos nas parcerias público-privado.

Eu já participei como arquiteto das duas mostras e fico na expectativa que ambas coloquem, de fato, o homem como foco principal, contemplando seus novos modos de viver.

Nossos espaços precisam acompanhar as mudanças do planeta neste momento que questões ambientais e sociais redefinem o nosso futuro. Disciplinas que estimulam o consumo estão em crise e, por isso, o bom projeto de interiores, para muito além da estética, deve propor soluções sustentáveis, despretensiosas e inovadoras.


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