Caldeirão em ebulição, panela de pressão, fora de escala, seca, segregada, carro demais, poluição, verde de menos, cidades dentro de cidades dentro de cidades, bala perdida, grito sufocado, fumaça de craque, hipster-funk-sertaneja, multicultural, multirracial, classicista, existe amor em SP, existe crise em SP. Aperta daqui, espreme dali, queima neurônio, e boom: São Paulo tem criatividade e tem inovação.
No pessimismo histérico generalizado das "timelines" nas redes sociais, enquanto uns raivosos sem foco "latem" sem parar, um grupo de ativistas urbanos se une para desenhar mudanças: existe esperança em SP. Surge na Vila Madalena o Laboratório da Cidade, reunindo mais de 40 iniciativas que têm como espinha dorsal o desejo de tornar nossas metrópoles melhores.
"Não é mais um espaço de trabalho coletivo, é uma rede aberta e multidisciplinar de iniciativas maduras e organizadas que já existem há alguns anos, com projetos de urbanismo, mapeamentos, tecnologia verde, meio ambiente, desenvolvimento de softwares e visualizações de dados", me contou Felipe Lavignatti, um dos criadores do projeto.
Faz parte do Laboratório, por exemplo, o Movimento 90º (de jardins verticais), o Mobilidade Verde (de projetos urbanos e "parklets" –as minipraças), o Mapas Afetivos (que conta histórias de pessoas a partir de lugares), o Acupuntura Urbana (de engajamento comunitário) e o Cidades para Pessoas (para cidades mais humanas).
O espaço funciona desde o começo do mês no andar de cima do Armazém da Cidade, um galpão de pequenos produtores locais e artesãos, "queremos criar uma rede das redes, que tenha um cardápio de ideias que possam ser aplicadas e compostas de diferentes maneiras, com potencial de se transformar em políticas públicas e parcerias com empresas", descreve Baixo Ribeiro, do Instituto Choque Cultural.
De fato, São Paulo é o palco ideal para projetos de inovação tecnológica e social, para explorar formatos colaborativos e novos modelos de negócios, um terreno fértil para experimentar e investigar soluções em tempo real.
Nossas cidades podem ser tão melhores, que nos desafios da crise faça-se a luz.