Folha de S. Paulo


Resoluções, promessas e mentiras para 2015

Fazer aquela tão prometida e esperada arrumação geral em casa, tomar vergonha nessa cara e organizar os benditos armários, papelada inútil, roupas, móveis e aquilo o que não uso. Aprender a viver com menos. Reciclar. Projetar edifícios coloridos. Projetar edifícios interativos. Passar menos tempo nas redes sociais. Se levar menos a sério. Trazer da casa da avó alguns objetos com memória afetiva, que lembram a infância ou alguém que amo. Não gastar dinheiro com tanta besteira, comprar apenas o necessário (ok, ok, existem algumas besteiras necessárias, mas não tantas). Economizar para viajar, esse sim o único, precioso e duradouro bem. Adotar mais plantas em casa, desencanar que o vizinho me acha louco porque falo com elas. Desencanar do vizinho gato, ele não te quer. Adotar dois cachorros e dois gatos. Aposentar o carro e junto dele os hábitos burgueses que negam a cidade. Escrever uma carta para Dilma pedindo isenção de imposto para bikes. Experimentar as novas ciclofaixas e descobrir novas regiões em Sampa. Ser menos bairrista.
Frequentar mais parques e praças, fazer mais piqueniques, ir muito nas festas de rua, como a Pilantragi, a Mel e a Selvagem. Participar das reuniões do Parque Minhocão e batalhar para transformar o Elevado em parque verde, em cima e em baixo. Lutar para que o Parque Minhocão seja de todos e não apenas dos carros. Que ele tenha pistas de skate, quadras de esporte, mobiliário urbano, cinema, sombra, pista para caminhar, namorar e dançar. Ler mais, estudar mais, fazer planejamento financeiro, trabalhar menos. Implantar um microchip no cérebro, usar o Google Glass, o Apple Watch e provar todas as bugigangas eletrônicas. Falar menos e ouvir mais. Falar menos e colocar mais a mão na massa. Hackear a cidade, improvisar, plugar, conectar, subverter, São Paulo pode ser tão melhor. Hackear a política, já que não dá para confiar na grande maioria dos políticos. Não deixar de acreditar nunca que o Brasil é muito legal, mesmo que a cada segundo tentem te provar o contrário. Menos construção, mais natureza. Menos analógico, mais digital. Desmaterializar.


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