Folha de S. Paulo


União

Como o lar pode ser transformado para reforçar a união das pessoas que vivem sob aquele teto?

Uma solução bastante simples e logo compreendida por muitos dos clientes que me procuram: integrar a sala com a cozinha.

Afinal, atualmente cozinhar não é mais apenas uma atividade de serviço, mas se tornou uma atividade social, e isso tem importantes reflexos na arquitetura.

De maneira mais abrangente, a partir de um bom projeto o pedreiro pode quebrar paredes e deixar a casa aberta e integrada, com reflexos imediatos nas relações sociais dos moradores.

Outra possibilidade é fugir dos móveis estanques, que congelam o ambiente em determinada disposição. Há hoje várias formas de utilização de móveis flexíveis, alguns preparados para serem remanejados pela casa, com rodízios, por exemplo.

Utilizá-los permite reorganizar as atividades de uma determinada casa com um custo baixo, seja porque a família cresceu ou diminuiu, porque suas necessidades mudaram ou simplesmente porque ela se cansou da disposição antiga dos móveis.

Assim, a família pode correr riscos, experimentar novas possibilidades e ser cocriadora do projeto da sua residência.

Ela pode ainda reinventar a sua casa usando móveis antigos, tanto da própria família quanto adquiridos em bazares e lojas de usados, mantendo o valor afetivo que eles carregam e valorizando a sua memória e personalidade.

Tal opção combina com o perfil do cidadão nos tempos atuais, que vive cada vez mais integrado à cultura digital e que não quer um ambiente pré-determinado ou um produto estanque e monofuncional, mas que busca a constante possibilidade de customização em tudo o que faz.

A internet mostra à decoração que são muitas as possibilidades de sistemas flexíveis, orgânicos, e de ferramentas colaborativas, não hierárquicas.

A tendência é que as casas não sejam mais pensadas em termos de cômodos, uma visão antiquada de arquitetura, mas sim em atividades, como relaxar, produzir, cozinhar.


Endereço da página: