Mudei para São Paulo em 2002 e desde então sou um frequentador assíduo do Minhocão –e um curioso pelas questões que o envolvem.
A Folha noticiou esta semana o projeto de lei apresentado à Câmara Municipal para fechá-lo aos sábados. Essa lei traz um horizonte importantíssimo, já que inúmeras experiências poderiam ocorrer no elevado Costa e Silva (zona oeste).
Se ele fechar, ao menos dois dias seguidos na semana, haverá tempo hábil para que sejam montadas estruturas temporárias de apoio a inúmeras ações, como piqueniques, exibição de filmes, teatro, eventos cívicos ou esportivos.
Você já visitou o Minhocão à noite ou aos domingos? Muitas atividades acontecem ali, ainda que de modo informal e precário.
O Bloco Carnavalesco Filhos da Santa, por exemplo, desde 2009 reúne a comunidade local com projetos sociais e ocupações culturais. O paulistano carece de parques e áreas qualificadas para o convívio –e o morador daquela região, em particular, não dispõe de local para a prática de esportes no entorno do minhocão.
Em 1989, a prefeita Luiza Erundina determinou que o Elevado fosse fechado das 21h30 às 6h30 e aos domingos. Vinte e cinco anos se passaram e nada mais foi feito.
O fechamento do Minhocão aos sábados pode ser um primeiro passo rumo ao seu fechamento completo e a um possível parque linear. Sua demolição é o caminho mais custoso, óbvio e preguiçoso e me faz lembrar da triste reforma e péssimo projeto da Praça Roosevelt, reinaugurada em 2012.
Se o Minhocão for "encerrado", estudos de mobilidade precisam ser feitos para prever alternativas para o fluxo de automóveis. Essa é uma questão complexa, mas a cidade em que queremos morar não pode ser pensada exclusivamente sobre a perspectiva do veículo privado.
O Parque Minhocão poderia ser um símbolo exemplar da nossa cidade, realizado de modo colaborativo, envolvendo diferentes profissionais de design e planejamento urbano.
O local tem potencial para resultar em um projeto de fato contemporâneo, não apenas em sua estética como também em seu programa.