Costumo falar para meus alunos que um dos meus projetos favoritos é desenhar cenografia para exposições, já que esse tipo de projeto temporário deve ser, a priori, um convite ao escapismo, ao máximo estímulo sensorial e ao sonho, permitindo uma liberdade de criação muito diferente de projetos como casas, escritórios ou espaços comerciais.
Uma boa cenografia deve ajudar a construir a narrativa da história a ser contada. Deve instigar o visitante a imergir no conteúdo e tem, como um de seus principais desafios atuais, gerar o menor impacto ambiental e produção de resíduos após sua desmontagem.
São Paulo tem sido exemplo internacional em ótimos projetos de cenografia, com destaque em livros, revistas e blogs respeitados. Janeiro é um bom momento para visitar exposições –fique atento aos detalhes da montagem, como iluminação, uso de materiais, identidade de cores e suportes digitais.
Prestar atenção num projeto como esse pode inspirar até mesmo nossas casas, com suas soluções simples e criativas.
Listei três visitas imperdíveis:
1. "Stanley Kubrick" no MIS (Museu da Imagem e do Som) até hoje. A excelente cenografia é inspirada no universo lúdico do mestre diretor de cinema. O responsável é o Atelier Marko Brajovic, que também assina a tão esperada exposição de David Bowie, que poderá ser vista no mesmo local em fevereiro.
2. Festival Sesc Videobrasil no Sesc Pompeia até 2 de fevereiro. Essa edição comemora os 30 anos do evento, comprometido com a arte contemporânea do sul geopolítico global.
A primeira sala expositiva apresenta um resumo das 17 edições anteriores, por meio de um grande ambiente imersivo, composto por telas de diferentes tamanhos e uma programação visual de tirar o fôlego, além de uma bela marcenaria que apoia atividades de pesquisa do acervo. O projeto é de André Vainer Arquitetos.
3. "Cazuza mostra sua cara" no Museu da Língua Portuguesa até o dia 23 de fevereiro. Com ótimo projeto do também curador da exposição Gringo Cardia, o cenário é um convite à interação do público com o conteúdo.