Folha de S. Paulo


Semana de Design do México

Na semana passada aconteceu a primeira edição da Semana de Design do México. Da icônica Torre Latinoamericana, inaugurada em 1956 na Cidade do México como o edifício mais alto da América Latina (183 metros em 45 andares), avistei algumas das muitas diferenças e semelhanças com São Paulo, como o trânsito infernal e sua dimensão sobre-humana, com 21 milhões de habitantes na região metropolitana.

Entre o caos, destacou-se a monumentalidade do seu plano urbanístico, seus amplos eixos viários e seus mais de 100 km de ciclovias implantadas recentemente, buscando subverter a lógica existente e mudar a cultura local dessa cidade que em 1992 foi considerada pela ONU a mais poluída do mundo.

A iniciativa das ciclovias e a inclusão das EcoBici, sistema de aluguel de bicicletas públicas como meio de transporte, rendeu em setembro passado o "Prêmio de Transporte Sustentável 2013" pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento dos Estados Unidos, órgão que analisa os projetos de mobilidade das cidades ao redor do mundo. No último ano, a capital mexicana investiu no BRT Metrobús, em infraestrutura para pedestres, além de criar um programa de estacionamento público e revitalizar espaços esquecidos da cidade.

Um dos destaques da Semana de Design foram as fotografias e a obra multimídia "C'était un Rendez-vous", do arquiteto libanês Bernard Khoury, um dos meus grandes ídolos, expostas pela Galeria Carwan, que exibiam a realidade urbana complexa e caótica de Beirute.

O brasileiro Brunno Jahara desenvolveu um workshop com alunos de design de universidades locais para sua instalação "Multiplastica Domestica", criando fruteiras-esculturas a partir de material coletado no mercado popular La Merced --o lugar mais incrível da Cidade do México na minha opinião.

Eventos como esse são fundamentais para a discussão de modos de vida, por isso, se você se interessa pelo futuro de sua cidade, não deve deixar de visitar a Bienal de Arquitetura de São Paulo, que acontece até 1º de dezembro, espalhada por diversos pontos e conectada pelo metrô. Afinal design é, acima de tudo, solucionar problemas.


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