Na semana passada, assisti no Parque Ibirapuera a alguns debates promovidos no Arq.Futuro, fórum de arquitetura e urbanismo. Na edição deste ano, o evento desenvolveu o tema "Ouvindo as Ruas: novos modelos para a transformação urbana".
Ativistas urbanos, cientistas políticos e, é claro, arquitetos e urbanistas refletiram sobre possíveis rumos para a cidade de São Paulo.
A Secretária de Transportes de Nova York, Janette Sadik-Khan, mostrou que não é preciso rios de dinheiro para transformar a mobilidade da cidade, mas, sim, estratégia de design aliada à vontade política.
Com o conceito "mudanças em tempo real", Nova York se reinventou nos últimos cinco anos.
À base de muita tinta fresca nas ruas, a cidade organizou visualmente o fluxo do transporte urbano, priorizou o pedestre, construiu faixas exclusivas para ônibus e instalou cerca de 600 quilômetros de ciclovias (muitas delas protegidas das pistas de carros).
Com a redução de áreas para carros, foram criadas, de um dia para o outro, em caráter experimental, pracinhas e novos espaços públicos. A organização teve a colaboração de empresários locais.
Sadik-Khan apresentou dados de como esses novos espaços de convívio na rua impulsionam a economia, estimulando o estar e o pedestre em detrimento do automóvel.
Ela revelou que essas ações urbanas, "baratas para o orçamento anual", geram mais renda para a cidade ao catalisar o convívio social.
Foi com esse argumento que ela convenceu um prefeito moderno e de cabeça aberta, em pleno ano eleitoral, a fechar a Times Square para carros, criando um grande calçadão.
Esse é um caso inspirador, mas a nossa realidade urbana é outra e exige soluções próprias.
O que ficou nítido nos debates do Arq.Futuro é que a articulação entre o poder público e o privado pode transformar nossa realidade hoje, sem se prender somente a ações de longo prazo, burocráticas e complexas.
Projetos simples, baratos e organizados, que priorizem sempre o coletivo, são capazes de tornar nossa São Paulo muito mais humana, imediatamente.