Folha de S. Paulo


Vamos dar uma lição aos vândalos?

Já é consenso que, em todo esse episódio das manifestações, houve vândalos tanto entre manifestantes e policiais. E, com isso, toda uma cidade se sentiu vandalizada.

O que era para ser uma discussão sobre políticas públicas transformou-se num debate sobre segurança.

Mas, no dia de hoje, temos a condição de dar a volta uma lição de civilidade contra o vandalismo. E da melhor forma possível: pelo diálogo.

Tanto a polícia como os organizadores do Passe Livre demonstraram a preocupação em garantir uma manifestação pacifica. Fala-se até que todos estariam atentos para filmar quem promove a selvageria.

Seria uma bela demonstração de aprendizado sobre como ocupar as ruas pacificamente, sem prejudicar a cidade e, ao mesmo tempo, assegurando o direto de expressão.

Assim, o debate pode ir para onde tem de ir: dá para baixar o preço das tarifas? Se dá, de onde sai o dinheiro. Isso sacrificaria outros investimentos vitais da cidade? O que os demais setores da sociedade têm a dizer?

Afinal, o dinheiro é nosso - e a cidade também. O que o pessoal que defende mais creches ou os educadores que querem educação em tempo integral dizem? Os inconformados com as filas para exames de saúde devem ser ouvidos.

Isso chama-se transparência, contas abertas na mesa,

O bom dessas tensões democráticas pelo Movimento Passe Livre é que, se não cairmos no vandalismo, tudo fica mais claro e participativo.

É isso o que precisamos para ter cidades melhores.

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A prefeitura decidiu que não era um problema dar dinheiro de volta a donos de carros, livrando-os do peso da inspeção veicular. Teve de arrancar o dinheiro ( cerca de R$ 300 milhões) de algum lugar. Isso daria para construir muitas creches.

Vamos convir que essa é uma causa menos sobre - afinal, quem polui deve pagar - do que reduzir o preço das tarifas do transporte público.


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