Folha de S. Paulo


Alckmin vence guerra contra o fedor?

Na reta final de seu mandato, o governador Geraldo Alckmin está lançando uma guerra contra o fedor --mais precisamente, o fedor do rio Pinheiros, que corta bairros ricos da cidade de São Paulo.

Esse fedor é um dos símbolos da idiotice urbana paulistana.

O rio fede porque, entre outras coisas, recebe esgoto sem tratamento dos bairros. Bairros ricos, diga-se.

Curiosa aquela região, onde se concentra a modernidade empresarial paulistana, com seus sofisticados prédios: a fibra ótica chegou antes do esgoto.

Não dá para resolver a curto prazo a questão da falta de tratamento. A solução, segundo publica o jornal "O Estado de S. Paulo", é jogar no rio produtos químicos para tirar o cheiro.
Funciona? Não sei. Será que vai ser como jogar perfume em quem não toma banho?

A idiotice histórica está no seguinte: alguns urbanistas e arquitetos alertavam que os rios Pinheiros e Tietê podiam formam o maior parque linear do planeta. Um pedaço até conseguiu virar parque, graças ao arquiteto Ruy Ohtake. É aquela mancha verde nas proximidades do aeroporto de Guarulhos, onde surgiu o Parque Ecológico do Tietê. Imagine se todo o entorno dos rios fossem assim. Teríamos uma cidade diferente --e muito melhor.

Mas os "gênios" preferiram fazer ali, de qualquer jeito, as marginais.

Cidades civilizadas fazem de seus rios sua melhor paisagem. Aqui, fedem.

Se reduzir o cheiro já é um ganho; afinal, a ciclovia ali será mais usada.

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Por falar em meio ambiente: foto vencedor do concurso de gentilezas urbanas foi a de uma caçamba transformada em jardim (veja aqui).


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