Folha de S. Paulo


Alegria contra a burrice

Percorri os blocos de Carnaval neste final de semana em São Paulo. Não vi brigas ou xingamentos. Só alegria - mas muita, muita burrice urbana.

O paulistano é um ser que vive entre muros, cercado de crachás, encalacrado nos seus carros, condomínios, shoppings. Rua é sinônimo de ameaça, de medo. Somos, em síntese, uma cidade incivilizada, apesar de criativa - criativa da porta para dentro.

Vimos um mar de gente ocupando as ruas, com vontade apenas de conviver num espaço público. Fala-se até que, neste ano, começou o renascimento do tempo dos blocos de rua.

Mas não se viu um mínimo de organização do trânsito, da coleta de lixo e de policiamento. Até admito que, neste ano, pelo menos, a prefeitura foi mais aberta à ocupa festiva das ruas.

Temos, porém, um longo caminho para aprender como usar as ruas, fazendo delas um ponto de encontro - e não apenas um local para irmos e voltarmos do trabalho ou da escola.

O que vimos, pelo menos neste final de semana, é como a alegria organizada derrotou a burrice.


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