Folha de S. Paulo


Prefiro São Paulo a Nova York

Propagam-se pelas redes sociais milhares de sorrisos de anônimos para comemorar o aniversário da cidade de São Paulo, comemorado amanhã --essas imagens são projetadas nos prédios à noite (mais detalhes aqui ). Muita gente vai dizer que é bobagem, uma cidade tão violenta, desigual, suja, poluída, congestionada, com enchentes, péssima educação e saúde pública, não merece sorrisos -merece caretas.

Mas eu sorrio para São Paulo - e, devo dizer, com muito prazer. Evidentemente sei de seus problemas. Digo que vivi em outras cidades, como Nova York, e recebi convites para continuar morando por lá.

Preferi São Paulo. Não me arrependo. Pelo contrário. A cada dia vejo mais gente entrando num movimento de resistência contra a barbárie cotidiana. O que vai do respeito ao pedestre e ciclista a entidades que tentam salvar árvores, recuperar parques, envolver-se em projetos de educação.

Vejo o número de jovens que montam suas empresas inovadoras. E as centenas de grupos culturais. É uma notável efervescência.

Somos uma cidade feia, mas que vira uma museu a céu aberto pela disseminação da arte urbana. Dai sermos a capital mundial do grafite.

Julgar São Paulo apenas pelo poder público é um critério. Mas só vemos quase desastres, incompetências e desperdícios.

Julgar São Paulo pelos movimentos que enfrentam a barbárie merece sorrisos.

É uma bela história para ver e contar. Muito mais interessante do que se eu ficasse morando em Nova York ou Cambridge.

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Por falar em barbárie e resistência, grupos estão montando para amanhã, no Vale do Anhangabaú, uma bela e triste imagem. Uma instalação no chão com 2.000 sapatos vazios para lembrar cada assassinato do ano passado. Se quiser participar e levar um sapato ou deixar em algum ponto de coleta, mais detalhes aqui: ).


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