Folha de S. Paulo


Você internaria seu filho na marra?

Minha resposta é, provavelmente, a mesma que a sua: sim. Duvido que algum pai ou mãe responsável não respondesse afirmativamente ao ver seu filho correndo o risco de vida por causa da droga.

Daí eu não ver problema, em tese, com o programa lançado hoje pelo governo Geraldo Alckmin de internação compulsória. O desenho do projeto é, aliás, interessante porque junta Justiça, Defensoria Pública, médicos, advogados. O governo até promete 700 leitos.

Difícil, porém, ficar muito esperançoso. Não só porque, segundo estimativas internacionais, a internação na marra vem acompanha de altíssima reincidência.

Em mais de 20 anos acompanhando projetos que lidam com drogados, especialmente de crack, aprendi que é possível mudar vidas,com muito esforço. Mas depende, em primeiro lugar, de uma vontade extrema da vítima das drogas.

Depois disso, é necessário uma rede de proteção multidisciplinar que ajude o acolhimento em tempo integral,a começar da escola. É um trabalho que envolve assistência social, esportes, cultura, envolvimento com alguma esfera familiar, profissionalização.

O poder público oferece essa chance?

O trabalho pode obter resultados se fizerem o mais difícil, além da internação, que exige muitas parcerias - governo federal, estadual, municipal, Ongs, entidades comunitárias- formando uma rede de proteção.

Assim pode-se ter esperança de uma redução dos anos.


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