Folha de S. Paulo


Governo cria vale-imprensa

Vou hoje escrever contra os interesses da minha categoria: os jornalistas.

A ministra Marta Suplicy (Cultura) estimulou o debate sobre o vale-cultura mostrando que esse dinheiro público pode servir para comprar jornais e revistas - mesmo que seja, enfatizou, uma publicação "porcaria".

Mesmo que fosse um jornal ou revista de alta qualidade o dinheiro seria bem aplicado?

Como jornalista, sou obrigado a acreditar que a atividade jornalística é importante para a cidadania. Logo, mais gente informada, melhor.

Será que grupos como a Folha, Globo, Estado, Abril, entre outros, com fortes esquemas de marketing, capazes de atrair anunciantes e leitores, deveriam ganhar esse subsídio público?

Um absurdo pegar um dinheiro destinado à cultura para ajudar jornais e revistas.

Do ponto de vista cultural e educacional é jogar dinheiro fora. Para mim, cultura e educação são inseparáveis: as escolas deveriam ser centros culturais para estimular o encanto da descoberta do conhecimento.

Podem apostar: com essa lei, será muito mais provável os jornais e revistas captem muito recursos do vale-cultura do que um projeto de teatro ou cinema na periferia.

Na prática, o PT está criando um vale-imprensa.


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