Folha de S. Paulo


Fecham-se as cortinas

Escolhi como título da coluna desta semana a melhor frase que um narrador esportivo - no caso Fiori Gigliotti - já usou para ilustrar o término de uma partida de futebol.

Tomo a permissão de usá-la agora, pois esta é a última vez que escrevo aqui. Depois de 572 textos em quase 12 anos neste espaço - a minha primeira coluna foi ao ar em 19 de fevereiro de 2002 -, só me resta agradecer a todos os que leram, ao longo dessa longa trajetória, ao menos uma linha do que escrevi. Também não posso deixar de agradecer a Folha pelo espaço que ela me abriu.

Entre todos os sentimentos que surgem num momento como este, o futebol ainda consegue me dar ânimo e dar um forte sorriso.

Como amante do futebol é bom muito constatar que os fatos que surgem nos gramados, como aconteceu no último final de semana, com as rodadas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, derruba uma corja de aproveitadores, principalmente cartolas, que estão no esporte apenas para tirar algum proveito.

Pelo noticiário da semana passada, essas jornadas seriam um desastre. Pipocavam denúncias de venda de resultados, entrega de partidas, subornos e todos os tipos de ataques, o que colocaria em dúvida a credibilidade dos torneios e poderia abrir espaço para uma virada de mesa no futebol brasileiro. Mas, quando a bola rolou, foi possível perceber que o esporte sairia vencedor.

A começar pelo "vendido" Bragantino, que entregaria o jogo para o Figueirense. O que não aconteceu. Ou pelo Joinville, que, por causa da rivalidade estadual, facilitaria o jogo para o Ceará, pois assim evitaria que time da capital catarinense conseguisse o acesso.

Outra bobeira que ouvi muito durante a semana passada foi que os 12 maiores clubes do país iriam se ajudar, com alguns desses facilitando jogos para outras equipes "grandes" que estão ameaçadas. Isso já veio por terra, logo no sábado, na partida entre Fluminense e Atlético-MG. Os mineiros, mesmo sem nenhuma pretensão no torneio e perto de disputar o Mundial de Clubes, se empenharam muito na partida, buscando sempre o resultado positivo.

Aqui também se enterrou a teoria de que, por vários interesses, os times do Rio de Janeiro seriam salvos do rebaixamento de qualquer maneira. A tese conspiratória era tão furada que, no mínimo, um carioca já caiu, e as chances de a dupla Fluminense e Vasco ser rebaixada são enormes.

O lance que originou o pênalti na partida entre Criciúma - que para muitos conspiradores já tinha sido escolhido pelo "sistema" para ser um dos rebaixados - provou que os nossos árbitros, muito mais do que protegerem alguns times, são ruins mesmo e adoram favorecer os times que atuam em casa.

Já a vitória do então ameaçado Bahia sobre o campeão Cruzeiro serviu para diminuir os argumentos daqueles que enxergaram e falaram uma série de bobagens após a vitória do Vasco sobre o Cruzeiro.

Também foram poucos que trataram como entrega o fato de a Ponte Preta - já rebaixada e finalista da Copa Sul-americana - entrar com um time reserva no jogo contra a Portuguesa. Tendo um pouco de bom senso, é fácil perceber que o time de Campinas tinha mais chance de conseguir um bom resultado usando jogadores que normalmente ficam no banco em vez dos titulares.

O último final de semana também acabou com duas teses de viúvas que insistem que o Campeonato Brasileiro seja disputado no sistema de "mata-mata".

A primeira é que só no turno e returno há entrega de partidas. Isso é uma grande falácia, pois, com "mata-mata", pode acontecer a mesma coisa. Aliás, a manipulação de resultados é um problema de caráter e não de tipo de regulamento.

Outra tese é de que, depois do torneio decidido, o sistema de pontos corridos não tem mais atração. Os jogos do último final de semana mostram exatamente o contrário. Tivemos média de mais de 25 mil pessoas nos estádios, sem contar o que foi comentado em TVs, jornais, sites e, principalmente, nas redes sociais. Isso para não comentar a quantidade de jogos e times que ainda terão interesse na última rodada do Brasileirão - se fosse a final de um torneio mata-mata, seriam apenas dois times em campo.

Por fim, troco o tradicional "Até a próxima!" - expressão que encerrou todas as minhas outras 571 colunas - por um "Até breve!".

Valeu!

Mais pitacos em: @humbertoperon
Meu e-mail agora:humbertoperon@gmail.com.

DESTAQUE
Seria um dos meus próximos temas, mas não poderia deixar de citar o Bom Senso FC. Que os jogadores, os verdadeiros protagonistas do futebol, obtenham sucesso em suas reivindicações o mais cedo possível

ERA PARA SER DESTAQUE
Não existe um texto que eu /tenha como favorito, mas seleciono 20 que retratam um pouco o que foram essas 572 edições de Futebol na Rede.

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