Folha de S. Paulo


Foi incompetência mesmo, e não má intenção

O Corinthians foi muito prejudicado pela arbitragem na partida contra o Boca Jrs. e, por isso, foi eliminado do torneio. Mas, passada pouco mais de uma semana da partida, não vou cometer a irresponsabilidade de dizer que o árbitro, o paraguaio Carlos Amarilla, veio com a intenção de fabricar o resultado, eliminar o time brasileiro da competição e também que ele merecia --como muitos disseram -- apanhar por sua atuação desastrosa na partida.

Aqui também vale uma observação: também não caia nessa de acreditar que a confederação continental quer que os "coitadinhos" dos times brasileiros sejam eliminados e não conquistem mais um título da Libertadores.

Todos sabem que um árbitro, quando quer "fabricar" um determinado resultado, não o faz errando em lances claros, como aconteceu no jogo que tirou o Corinthians da chance de ser bi da Libertadores. Se ele está mal-intencionado, ele quer que seu objetivo seja alcançado de maneira discreta e que, após a partida, ninguém se lembre de que ele apitou aquela partida.

Vou começar falando pelo lance do pênalti, mão do zagueiro na bola, tirando-a de Emerson, logo no início do jogo. No nível do campo, com os dois jogadores correndo lado a lado, se o árbitro não estiver muito bem colocado --daí a incompetência-- ele não tem condições de ver como a bola foi desviada.

A jogada é tão complicada que só o atacante do Corinthians reclamou de imediato e acabou tomando um cartão. O resto dos companheiros --e também grande parte da torcida presente no estádio-- não percebeu a penalidade na hora. Até os comentaristas de arbitragem só perceberam a mão na bola quando viram o replay do lance filmado por trás do gol, e aí não vale.

Já a jogada em que Romarinho surgiu livre, cara a cara com o goleiro do time argentino, e foi marcado o impedimento, também é complicado para a arbitragem. Foi uma jogada rápida, com os jogadores da zaga do time argentino saindo. Esse é o típico lance que o bandeira, se não tiver muito atento --ou ser realmente capacitado-- e observar a fração de segundo em que a bola sai dos pés do lançador, acaba errando, como aconteceu.

Ainda temos o gol anulado, em que o árbitro marcou falta do Paulinho no lance. Esse tipo de jogada acontece em todos os jogos. O arqueiro disputa a bola com o atacante e o árbitro marca falta de ataque --inclusive em muitas dessas jogadas o camisa 1 é que acaba cometendo a infração. Ainda tem mais um pênalti no Emerson, que teria sofrido um empurrão-- aliás, mais um toque que só é possível ver na câmera lenta.

Também aqui o atacante sofreu pelo conjunto da obra. Se fosse marcada a penalidade, muitos dos que estão chamando o árbitro de ladrão estariam comemorando a esperteza do atacante que cavou um pênalti, pois sabia que o árbitro estava pressionado pelos erros que ele tinha cometido no jogo.

Para aqueles que estão dirigindo a mim os mesmos impropérios que despejaram sobre o árbitro paraguaio, lembre-se do que eu disse no início do texto: árbitro quando quer prejudicar um time age à surdina.

Recentemente tivemos um que confessou que manipulava resultados e, em muitos dos jogos que ele apitou, poucos perceberam que ele pendia para um dos times.

Quando um árbitro está realmente mal-intencionado, ele marca e inverte muitas faltas, deixa de marcar infrações sobre determinados jogadores, para o jogo a todo o momento, enerva o time inteiro, pendura os atletas com cartões e deixa o adversário fazer cera. Inclusive, colabora na hora de tomar tempo de jogo quando faz uma cena para dar um cartão para o atleta que está impedindo que a partida recomece. E, ainda no final, muitos vão dizer que o árbitro teve atuação exemplar.

Precisamos parar com essa ideia de que, quando o erro da arbitragem é a favor do nosso time, é malandragem, mas quando o erro é contra, todo árbitro é ladrão. Os torcedores e dirigentes poderão ter o direito de desconfiar dos árbitros quando deixarem de usar a velha máxima: "Que o meu time ganhe por 1 a 0, com um gol de mão ou em impedimento".

Até a próxima!
Mais pitacos em: @humbertoperon

Destaque
Começa no próximo final de semana o Campeonato Brasileiro. Apesar de neste ano termos uma competição dividida em partes bem definidas --a primeira até o início para a realização da Copa das Confederações; outra após o término da competição da organizada em julho, mais uma em agosto, quando os jogadores contratados no exterior irão poder jogar, e, finalmente, quando se encerram as inscrições de jogadores. Não vou deixar de dar meus tradicionais palpites para o torneio.

Favoritos
Atlético-MG, Corinthians, Fluminense, Grêmio e Internacional

Briga pela Libertadores, mas não pela taça
Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Santos e São Paulo

Coadjuvantes
Atlético-PR, Flamengo, Goiás, Ponte Preta e Vitória

Ameaçados
Bahia, Criciúma, Náutico, Portuguesa e Vasco

Era para ser destaque
Para o meia Danilo, do Corinthians, que quase sempre é esquecido, mas que é fundamental para o time. Mais uma vez ele foi decisivo e marcou o gol que deu o título do Campeonato Paulista à equipe do Parque São Jorge. Não é nenhum exagero dizer que ele dita o ritmo de jogo do time e, além de participar das principais jogadas ofensivas da equipe, também muito importante em seu sistema defensivo.


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