Folha de S. Paulo


Ejaculação precoce e Copa

"Quase 1 milhão de pessoas no Rio. Não sei quantas outras mil em São Paulo, em Brasília. A gente estava muito perto. Acho que o Brasil tem ejaculação precoce. Foi lá e deu uma... Isso aí que é revolução? Vamos embora, já deu!".

Produzido pela TV Folha, o filme "Junho", em circuito nacional, traz esse comentário do poeta Sérgio Vaz sobre os protestos de um ano atrás.

A maior demonstração popular desde o "Fora Collor!" pode não ter passado disso: ejaculação precoce.

Para quem torcia por um novo tsunami neste ano de Copa e eleições, a coisa vai mal.

Primeiro porque o software desenvolvido em junho/13 para parar cidades foi sequestrado por grupos e sindicatos com suas pautas específicas.

Depois a Copa, que aparentemente abduziu os brasileiros.

Quem não queria o Mundial virou minoria no massacre de marketing na TV. E o clima finalmente enfeitou as ruas.

De prático, junho/13 reverteu o aumento das tarifas e enterrou a famigerada PEC 37, que limitaria o Ministério Público em investigações.

As pessoas foram às ruas porque estavam cheias. Cerca de 40 milhões ascenderam à classe C em 12 anos via consumo, mas eles não cabem no transporte público, nos hospitais, no país.
Cada indivíduo, grupo, centena ou milhar tinha razões até bastante comuns para estar ali.

Mas, como se diz no jornalismo, faltou edição: a capacidade de alguém ou algo para elencar e hierarquizar uma agenda que estava difusa.

Rebaixados em suas avaliações, governos, partidos e políticos não souberam ou ainda não querem fazer isso.

Resta agora torcer pelo Brasil.

*

Mais detalhes sobre "Junho".


Endereço da página:

Links no texto: