Folha de S. Paulo


Torce, torcedor

Imagine que você seja fã dos Rolling Stones.

Vai a shows, se mata para conseguir ingressos, tem camiseta e a parafernália da banda. Desde criancinha.

Mas Mick Jagger morre. Tragédia seguinte, Keith Richards sobe de novo em um coqueiro em Fiji e, desta vez, cai para valer. Não tocará nunca mais.

Um empresário genial arruma dois camaradas para substituí-los. O estilo, as vozes, as personalidades são totalmente diferentes.

Você ainda vai gostar dos Stones?

Na lógica das torcidas de futebol prevalece a das igrejas. Fé.

O melhor é o troca-troca de jogadores, por valores incríveis. Bem na cara dos torcedores.

Eles seguem fiéis a hinos e camisetas (a preços exorbitantes), não se importando muito com quem está dentro delas. A coisa vem de longe.

Romário: foi ídolo dos rivais Flamengo, Vasco e Fluminense; virou deputado embalado pelas torcidas antagônicas.

Fenômeno global, Ronaldo atuou no Barcelona e no Real Madrid; na Inter de Milão e no Milan. Continua jogando nas duas: organiza a Copa e critica o Brasil da Copa.

Ontem na Folha, o zagueiro mais caro do mundo, David Luiz, "corintiano" do Paris Saint-Germain, sugeriu que, na Copa, não se pode ser torcedor de clube, mas da seleção.

Bom filho à casa torna e 19 dos 23 convocados por Felipão deram um tempo do Primeiro Mundo para jogar pela pátria amada. Será rápido, sorte deles.

É o que dizem: o melhor do futebol e das torcidas é poder sacanear os outros.


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