DESASTRE
as nuvens de Szymborska e Maiakóvski
as nuvens de Quintana e Baudelaire
como eu queria
ser um desses poetas
que falam de nuvens porque já não suportam
mais o que existe abaixo delas
e escrevem "nuvem"
quando planejam escrever "desastre"
criaturas cujo trabalho é transformar
ininterruptamente
a nuvem que nasce na nuvem que morre
pois um desejo é sempre outro desejo
que formas ganhariam meus poemas?
que branda energia saberiam invocar?
nas ruas das cidades arrasadas
sorrindo por dentro e tocando o terror
Guazzelli | ||
ROUBADO DE RUMI
temos um barril de vinho
mas não temos copos
tudo bem
de manhã enchemos a cara
e de noite enchemos
a cara de novo
dizem que não temos futuro
é verdade
tudo bem