Folha de S. Paulo


Unidos Auto Clube

Nesta semana, uma foto de um jantar do elenco do Real Madrid ganhou as redes sociais. Não, não era mais uma protocolar refeição na concentração. Os jogadores resolveram se reunir num restaurante da cidade para comer e papear longe do ambiente de trabalho. E não foi a primeira vez.

O Real pode até fechar a temporada zerado, em crise, sem nenhum título. Mas ninguém poderá acusar o grupo de cizânia, de inimizade, de desunião.

Grupo unido, em qualquer atividade, não é sinônimo de sucesso. E a F-1 tem vários exemplos disso. A McLaren de Senna x Prost, a Williams de Mansell x Piquet e a Mercedes de Hamilton x Rosberg que o digam.

Mas esses casos guardam algo em comum além da rivalidade interna entre os pilotos: carros excepcionais. Esses times eram tão superiores aos adversários que se davam o luxo de ver seus pilotos se digladiando e jogando pontos pelo ralo.

Em situações normais, de mais equilíbrio, a união é fundamental –não apenas na F-1. Mesmo que seja forçada. Foi o que aconteceu com a mais vitoriosa equipe da história, a Ferrari do início do século.

Isso explica o movimento da McLaren ao contratar Jost Capito como novo diretor-executivo.

Alemão, 57 anos, com passagens por marcas como BMW e Porsche, ele venceu tudo com a Volkswagen nas últimas três temporadas do Mundial de rali: títulos de Pilotos e Construtores. Das últimas 39 etapas do WRC, 34 foram vencidas pela marca alemã, um número impressionante.

Seu principal atributo? Ser um catalisador, um homem de equipe, um sujeito capaz de unir indivíduos com ambições diferentes para perseguir um objetivo comum.

A Volks era a família de Capito. Mais: ele era o chefe da família, o poderoso chefão da empreitada da montadora no mundo dos ralis.

"Deixar a Volkswagen foi a decisão mais difícil da minha carreira. Mas é a McLaren..."

Pronto. Com uma frase, agradou os novos e antigos patrões. Assim é Capito.

Como relata a "Autosport", é do tipo que começa a trabalhar junto com os mecânicos, ao amanhecer. Que sai com os últimos. E que tem sempre um ombro amigo à disposição de seus pilotos.

União. É exatamente o que a McLaren precisa: alguém que possa juntar os cacos da desastrosa temporada de 2015, ver o lado bom disso tudo, extrair lições e agregar todos seus integrantes em busca de uma reação.

Capito ainda não dá expediente em Woking. Quer deixar a casa em ordem antes de assumir o novo posto. Neste fim de semana, comandará seus pilotos na abertura do WRC, em Montecarlo.

A McLaren o aguarda ansiosa. Se sobreviver ao "Piranha Club", o que não é fácil, pode ser uma das gratas novidades da categoria.


Endereço da página: