Folha de S. Paulo


Pedigree

Equipe que revolucionou o jeito de ser da F-1, que mudou as relações entre as marcas e o público, que propôs desde sempre um novo olhar para a categoria, a Red Bull pode encontrar a salvação, vejam que ironia, na história.

Às parcerias que amarrou para 2016 não falta pedigree. Não dá para não lembrar do que Illmor e TAG Heuer fizeram no esporte a motor.

Antes, uma explicação. Depois de meses de pendengas com a Renault e incertezas sobre a unidade de potência para a próxima temporada, a Red Bull encontrou uma solução híbrida –e Ecclestone teve enorme participação no acordo.

Irá de Renault. Mas um Renault diferente. Será preparado pela Illmor e levará na carcaça a marca suíça. A montadora francesa entregará o kit. Caberá à equipe e seus parceiros montar o quebra-cabeça e tentar aprimorá-lo.

O histórico indica que conseguirão.

Criada pelos engenheiros Mario Illien e Paul Morgan, egressos da Cosworth, a Illmor deu seus primeiros passos na Indy do final dos anos 80. Com sucesso.

Na sua segunda temporada, 1987, a marca conseguiu a pole para as 500 Milhas de Indianapolis. No ano seguinte, venceu a mais emblemática corrida do automobilismo americano.

A estatística de vitórias não deixa dúvidas sobre o que a Illmor fez nas pistas dos EUA: em 78 corridas da Indy entre 1987 e 1991, a marca venceu 64.

Na F-1, está intimamente ligada à Mercedes. Após uma incursão aqui, outra ali, fixou parceria com a montadora na McLaren. Foram 34 vitórias entre 1997 e 2005, quando os alemães assinaram um cheque e compraram toda a estrutura da preparadora.

O sucesso retumbante que veio depois, com Brawn e Mercedes, tem DNA da Illmor.

A TAG Heuer não fica atrás.

O grupo saudita, acrônimo de Techniques d'Avant Garde, foi dos primeiros patrocinadores da Williams, no começo dos 80, e estampou os carros campeões de Jones e Rosberg.

Na mesma época, a TAG comprou a Heuer e se tornou sócia da McLaren. Foi com um motor batizado TAG e construído pela Porsche que Lauda e Prost venceram 12 das 16 etapas do Mundial de 1984.

O motor TAG deixou a equipe inglesa em 1987, mas a marca continuou lá, naqueles carros fantásticos dos anos 90. E até hoje o grupo tem participação na McLaren: importantes 25%.

Nenhuma dessas empresas deve estar disposta a jogar tanta reputação no lixo.

Se a Renault oferecer o mínimo de condições, a Red Bull terá um 2016 muito melhor do que as duas últimas temporadas. E Ricciardo já provou ser piloto para andar na frente.

Será ótimo para o campeonato. Será ótimo para a história.


Endereço da página: