Folha de S. Paulo


Esta coluna de papel

Esta coluna de papel relatou a angústia de torcedores brasileiros sobre o destino de Senna em 93 e 94. Fica na McLaren? Vai parar? Assina mesmo com a Williams? Criticou o soco que o tricampeão deu em Irvine: "Ayrton não é o dono da F-1". Destacou seu favoritismo naquela trágica temporada e acompanhou a ascensão de Schumacher rumo ao infinito.

Esta coluna de papel tratava já há 21 anos da crise da F-1: "São heróis de verdade, como Senna, Prost, Lauda e Fangio, que salvarão a categoria". Retratou o crescimento da Indy, o êxodo de brasileiros para os ovais, o sucesso de Emerson por lá. "A gente não deve, mas de vez em quando é legal dar uma de patriota barato".

Esta coluna de papel riu do estranhamento da F-1 ao desembarcar no Brasil e se deparar com uma nova moeda, "iú-ar-ví", a URV. Lembram? Falou da morte de Bezerra da Silva, do golfinho cor-de-rosa de Raikkonen, de um fusca vermelho na Fernão Dias, do sorriso de Zanardi.

Esta coluna de papel mais criticou, mas também elogiou Barrichello. Em 96: "Suas entrevistas beiram o melancólico". Em 00, após a vitória em Hockenheim: "Uma redenção espetacular". Em 02, após a marmelada de Zeltweg: "Barrichello e Schumacher, antes de esportistas, foram soldados". Em 12: "Na Indy, ele vai, depois de muito tempo, ser feliz atrás de um volante".

Esta coluna de papel falou de Tarso, Pizzonia, Bernoldi, Burti, Da Matta, Di Grassi, Diniz, Christian, Massa, Rosset, Bruno, Zonta, Piquets, Massa.

Comentou sobre Ingo, Paulão, Serra, Cacá. Opinou sobre Barros, Biaggi, Crivillé, Doohan, Rossi. Analisou Gil, Gugelmin, Tony, Helinho, André, Gualter, Boesel, Moreno.

Esta coluna de papel conversou no ano passado com Nano da Silva Ramos, 89, o mais velho ex-piloto de F-1 vivo: "A cada dois ou três GPs, morria um piloto. Ou alguém perdia uma perna, um braço... Eu largava sabendo que tinha uma chance em três de morrer".

Esta coluna de papel alertou insistentemente para a decadência do automobilismo brasileiro. Em vão. A linha de produção parou. Hoje, são pouquíssimos os garotos do país no trilho para a F-1.

Esta coluna de papel trouxe mensagens cifradas de amor, versos com endereço certo e celebrou o nascimento da Julia, que aos 7 hoje lê, escreve, vê F-1 com o papai e brinca de fazer entrevistas.

Esta coluna de papel começou "Warm Up", quando era do amigo Flavio Gomes, virou "Stop & Go", com José Henrique Mariante. Tornou-se "Motor". E emprestou o nome deste que há 11 anos, com orgulho imenso, a escreve.

Pela última vez.

Esta coluna estará, a partir da próxima sexta, apenas no ambiente online da Folha. Espero vocês por lá.


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