Folha de S. Paulo


O ano dos Felipes

Um Felipe usará branco e ostentará o número 19. O outro deve vestir macacão escuro e levará o 12 no bico do carro.

Sim, a imprensa vai se esbaldar com a coincidência dos nomes. Dois brasileiros, dois Felipes.

Mas paremos por aí. As perspectivas são bem diferentes para este 2015 que apenas começa.

Massa, o veterano, até outro dia parecia caminhar para um melancólico fim de carreira. Estava muito aquém do companheiro, Bottas, no campeonato. Não brilhava, não reagia, não suscitava esperanças. Cumpria tabela.

Mas reagiu na segunda metade da temporada. Emplacou três pódios nas sete últimas corridas e ajudou a fazer da Williams a segunda força do campeonato, uma façanha.

Em 2015, com este fôlego novo e já ambientado à equipe, precisa se impor. Porque é obrigação de qualquer piloto superar seu companheiro –e ele carrega dez temporadas a mais que o finlandês nos bolsos do macacão. E porque é um ano crucial, de renovação de contrato.

O acordo de Massa com a Williams termina em dezembro. As especulações vão começar logo, ainda mais se o carro andar bem. Deve ser um assento cobiçado para 2016. Cabe a ele segurá-lo –até porque o grid está cada vez mais enxuto e vai ser complicado achar outra porta aberta.

Nasr, o novato do carro 12, começa com o pé direito. A Sauber é uma equipe honesta, séria, de boa estrutura. Campo perfeito para o pleno desenvolvimento de um piloto.

Viverá uma situação inusitada no ano: com Marussia e Caterham quebradas, a Sauber deve dividir com a Lotus o fundo do grid. O copo meio cheio desta situação é que 55% dos pilotos que largarem chegarão aos pontos. Fará bem ao ego e às estatísticas pessoais.

Nasr dividirá os boxes com Ericsson, velho conhecido da GP2 em 2012 e 2013. No primeiro ano, ficou 29 pontos atrás do sueco. No segundo, 33 à frente. Não é nenhuma corda-bamba, portanto, mesmo o companheiro já tendo uma temporada de F-1 no currículo.

De novo: ficar à frente na tabela é a primeira obrigação.

E repito aqui o que já escrevi em casos anteriores de brasileiros estreando na F-1. Há dois pontos fundamentais a seguir.

Primeiro: não cair na armadilha da busca da mídia por um "novo Senna". É fatal. É marcante. E além disso dá uma zica danada.

Segundo: tem que chegar chegando. A F-1 não é paciente com jovens pilotos. Um bom resultado logo de cara é fundamental para a construção de uma boa imagem no paddock. Sem essa de poupar carro no treino para pensar na corrida. Manda bala no sábado e depois pensa no domingo.

A pré-temporada começa em 1º de fevereiro, em Jerez de la Frontera.


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