Folha de S. Paulo


Recursos humanos

A McLaren passou um recado claro ao contratar Alonso, segurar Button e encostar Magnussen: 2015 será dedicado ao desenvolvimento do motor Honda.

"Motor", aliás, é modo de dizer. As novas unidades de potência, desenvolvidas com o princípio de reaproveitamento de energia, pouco têm a ver com os propulsores com que os japoneses trabalharam na F-1.

É um novo mundo. E a Honda chega com um ano de defasagem em relação à concorrência.

Por mais que tenha feito experiências em bancos de prova, precisará de tempo de pista para começar a competir em bom nível. Por mais que entupa o carro com sensores, dependerá das impressões vindas do cockpit. Por mais que se diga o contrário, F-1 ainda depende do piloto.

Informação precisa e assertiva será seu bem mais precioso em 2015.

Aí é que entra Button.

O inglês usou os motores japoneses por seis temporadas, de 2003 a 2008. Em 2009, foi campeão com um chassi desenvolvido pela Honda.

Além disso, leva 266 GPs nas costas, mais que qualquer piloto do grid atual e atrás apenas de Barrichello (322) e Schumacher (302) na história.

Não deu pra Magnussen.

O garoto é bom, é rápido e começou na F-1 com o pé direito. Na Austrália, na abertura da temporada, foi segundo colocado, a segunda melhor posição de um estreante na história da categoria –Baghetti venceu o seu GP de estreia, na França, em 1961.

Mas ele tem dois problemas, que estão interligados.

O primeiro: depois do sucesso da estreia, não fez muito mais ao longo do campeonato.

Foi quinto colocado em Sochi, sétimo em Zeltweg e Silverstone, oitavo em Austin e colheu umas migalhinhas em outros sete GPs. Terminou o ano em 11º e, pior, atrás de Pérez, a quem sucedeu no volante do carro prateado.

O segundo: tem só 22 anos. A Honda precisa de mais estofo que isso.

Mas como tudo tem dois lados, é justamente a juventude seu maior alento.

O garoto tem idade, com folga, para esquentar o banco agora e voltar ao jogo quando a dupla McLaren-Honda já tiver um carro bem azeitado.

É normal, acontece. Outros pilotos passaram por isso, sem prejuízo à carreira. No caso de Massa, foi até vantajoso: deixou a Sauber em 2002, passou um ano testando pela Ferrari e retornou muito mais maduro à equipe suíça, em 2004.

A McLaren-Honda vai conseguir bons resultados já no ano que vem?

Eventualmente, sim. Mas o mais provável é que cresça durante a temporada e comece a brigar por posições melhores, por condições mais consistentes, na parte final do campeonato.

Os japoneses estão com o orgulho ferido, por 2009. Sorte de Alonso e Button.

fseixasf1@gmail.com


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