Folha de S. Paulo


O ano de Massa

Que tipo de piloto é Massa?

Quem acompanha a coluna já leu esta pergunta em duas ocasiões. Em novembro de 2011, quando completaram-se três anos sem vitória do brasileiro. E no final da última temporada, quando de sua apresentação oficial na Williams.

"Desde Irvine, a Ferrari não via um piloto há tanto tempo por lá sem vencer. A lembrança não é nenhum demérito. O encantamento, as esperanças e as comparações anteriores é que eram pra lá de exagerados", escrevi da primeira vez.

E pensar que este jejum continua até hoje...

"É aquele que conquistou 11 vitórias em dois anos e que foi vice-campeão heroico em 2008? Ou é o piloto insosso das últimas temporadas, da 'nuvem negra' sobre a cabeça? Na Williams, ele terá, enfim, a oportunidade de responder", foi um trecho da coluna do último 15 de novembro.

Pois a tal oportunidade, sabemos agora, revelou-se dourada.

Massa foi o mais rápido dos testes no Bahrein. Mas é preciso relativizar o cronômetro nessa fase de experimentações. Mais importante é o mix entre velocidade e confiabilidade: completou 400 voltas, mais de 2.000 km, na pré-temporada.

Isso sim é alvissareiro.

Com ascendência na equipe, sentado num carro que nasceu bem em meio a uma revolução técnica e empurrado pelo melhor motor da categoria, o Mercedes, Massa terá a chance de mostrar quem é.

(Não dá para não ligar uma coisa à outra: é situação bastante parecida com a que Barrichello viveu em 2009, na Brawn.)

Vai disputar o título? Não aposto nisso neste ano.

A Mercedes terminou a pré-temporada como a grande sensação, conta com dois pilotos em ótima forma e é, no final das contas, a dona do segredo dos motores –é de se esperar que dedique mais atenção aos carros prateados do que para equipes clientes.

No segundo degrau, porém, tudo está embolado. A Ferrari tem um bom carro, mas que não arranca suspiros –e existe a enorme dúvida sobre como vai administrar o duelo de egos entre seus pilotos. A McLaren começou bem a pré-temporada, mas a encerrou com problemas de confiabilidade. A Williams está ao lado das duas.

Massa pode fazer bonito na temporada que começa na noite da próxima quinta-feira, em Melbourne. Pode cravar poles positions. Pode entrar na luta por uma ou outra vitória.

E pode mostrar se é um piloto especial, vencedor, brigador. Ou apenas mais um. Pode responder se é aquele piloto de 2008 ou o sujeito apagado que rendeu até piadinha de Montezemolo em 2010 –"parece que colocou o irmão para correr no lugar".

Espero que tenha sido a última coluna que escrevo com esta pergunta.


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