Folha de S. Paulo


O ano de Massa

"Vencer corridas. No final, resultado é o que mais interessa. Um começo bom, competitivo, sem dúvida ajuda a fazer um ano diferente. Quanto mais pontos e quanto melhor você estiver logo de cara, melhor é a chance de continuar lutando pelo campeonato até a última prova."

Massa respondeu assim a uma pergunta afiada, no final de semana, no Rio: "Como fazer para deixar de ser segundo piloto da Ferrari?".

Foi bem na resposta. Contra o cronômetro, não há argumentos. E é notável a mudança de humor, de astral, de espírito, de autoconfiança.

Tem ligação direta, claro, com o que ele fez na segunda parte do último Mundial, após as férias de agosto.

Da Bélgica ao Brasil, o brasileiro conquistou 97 dos seus 122 pontos. Arrancou de 14º para sétimo na tabela. Conquistou em Suzuka e em Interlagos seus dois pódios da temporada, quebrando um jejum que se arrastava desde 2010.

Tem tudo para fazer um 2013 melhor do que os apagados 2010, 2011 e 2012, isso parece bem claro. Até por ter um carro mais bem construído e mais fácil de guiar, palavras dele. Ponto.
Isso tudo é bem diferente de ser primeiro piloto.

Para começar, porque se trata da Ferrari. Que desta vez não se furta a revelar a preferência: Montezemolo já declarou diversas vezes que estará satisfeito se Massa apoiar Alonso na conquista do título.

Para terminar, porque se trata de Alonso. O mais talentoso, o mais raçudo, o melhor piloto da atualidade.

Massa pode, sim, fazer um campeonato mais digno. Mas dificilmente baterá Alonso.

O que não é o fim do mundo. Pode ser, pensando a longo prazo, o início de um novo.

O contrato do brasileiro termina no fim do ano. E, desta vez, ele tem um concorrente já no forno: Bianchi, que a Ferrari colocou na Marussia para ganhar rodagem.

Sim, é cedo para especular, o primeiro GP nem sequer aconteceu. Mas Massa tem condições de fazer bonito neste ano para, se for o caso, conseguir uma transferência para um cockpit interessante.

Nos últimos anos, com o filme queimado como estava, nem isso parecia possível.

Em tempos de penúria brasileira na F-1, e de falta de perspectivas nas categorias de base, já é grande coisa. (A que ponto chegamos.)

HOMENAGEM

Fica já uma sugestão à organização do GP Brasil, em novembro: que o troféu da prova deste ano seja batizado Barão Wilson Fittipaldi.

Dispensa explicações, embora toda homenagem do automobilismo brasileiro ao pioneiro seja tímida.

São raros os homens verdadeiramente grandes. O Barão foi uma dessas raridades.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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