Folha de S. Paulo


A invasão do Uber

RIO DE JANEIRO - O carro de luxo preto costuma ser impecável. A temperatura do ar-condicionado pode ser ajustada ao gosto do cliente. Água e balinhas são cortesia. O problema é que, em diversos casos, o motorista do Uber não sabe chegar sozinho nem mesmo à praia de Copacabana.

Tudo bem, existe o GPS para compensar o desconhecimento demonstrado por condutores do popular aplicativo de transporte particular. Existe também deficiência mais grave: a visível inexperiência de motoristas que aderiram ao serviço.

Há uma semana, um assistente de palco do programa "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda Lima na TV Globo, estreou como motorista do Uber. Pretende conciliar a nova profissão com a carreira artística.

Ancelmo Gois, de "O Globo", noticiou o caso do Uber adaptado em um veículo com o logotipo de uma empresa de telefonia, equipado inclusive com escada no teto. O motorista fazia "um bico", provavelmente cadastrado pelo UberX, serviço da empresa com tarifas mais baixas. Esta falta de familiaridade com o transporte de passageiros pode se traduzir em risco para o usuário.

Para virar motorista da Uber, o cidadão com carteira de habilitação da categoria B (carros de passeio) precisa ir ao Detran e solicitar a inclusão no documento do termo "atividade remunerada". Em seguida, faz teste psicotécnico e exame de vista. Somadas, as taxas deste processo chegam a R$ 297. Não há nenhum outro requisito técnico, relacionado à habilidade de dirigir, para quem vai assumir o volante de um Uber.

Recorrer a comparações é perda de tempo. No Rio, a péssima qualidade do atendimento prestado por uma parcela considerável dos taxistas já é conhecida pela população. Também ficou visível nas ruas da cidade a adesão em massa de novos carros à rede do Uber. Essa alternativa aos táxis é saudável. Só não dá para ignorar as falhas do novo serviço.


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