Folha de S. Paulo


Se vão legalizar a jogatina, por que não criar também a Póbrás, da cocaína?

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, anunciou que ele e outros colegas estão trabalhando para aprovar a legalização dos jogos de azar em Pindorama. Nas suas palavras: "Propusemos a legalização dos jogos com a destinação dos impostos para criar um fundo de segurança pública".

Tudo bem, legalizar a jogatina para engordar a receita de um Estado cujas finanças o doutor ajudou a quebrar. Por que não criar também a Póbrás, legalizando a cocaína?

Sabendo-se que o governo está de olho no dinheiro do jogo, entende-se que haja gente boa cheirando a pureza dessa ideia.

Ela é velha. Em 2011, ouvia-se o seguinte: "Eu acho que o jogo no Brasil, se aberto e legalizado, poderia ser uma fonte de financiamento importante para tanta coisa. Inclusive para saúde. Não se fala tanto em financiamento de saúde?"

Quem disse isso foi o governador-gestor Sérgio Cabral. Está na cadeia, condenado a 72 anos. Junto com ele, estão seu secretário de Saúde, doutor Sérgio Côrtes, e Miguel Iskin, grande fornecedor da rede hospitalar do Estado, a quem Cabral reconhece ter mordido em R$ 2,5 milhões para a campanha de Pezão.

Quando Michel Temer assumiu o governo, noticiou-se que dois de seus ministros, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima, defendiam a legalização do jogo. Ambos estão em cana.

Com as loterias legalizadas, em 1993, o deputado João Alves, da Comissão de Orçamento, justificou seu patrimônio informando que ganhara 200 vezes na loteca, embolsando o equivalente a US$ 9 milhões.

Talvez fosse boa ideia instalar cassinos legais com roletas viciadas nas cadeias onde está a freguesia da Lava Jato. Lá eles apostariam livremente o que lhe sobrou das roubalheiras que praticaram.

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