Folha de S. Paulo


O rei do Trumpistão namora com a guerra

Win McNamee/AFP
Cartaz do americano Donald Trump durante protesto contra a ameaça de conflito com Coreia do Norte
Cartaz do americano Donald Trump durante protesto contra a ameaça de conflito com Coreia do Norte

Donald Trump e o "Amado Líder" Kim Jong-un estão numa perigosa escalada. Sabe-se que a dinastia comunista dos Kim tem um parafuso solto, mas vale a pena olhar para o lado dos EUA, sobretudo numa hora em que o país é governado por Trump. Pelo que se vê pareceu-lhe mais fácil ameaçar a Venezuela.

Guerras e intervenções militares fazem o gosto de presidentes que veem nelas um caminho para a glória. Dos 45 presidentes americanos, pelo menos 20 viram combates, metade contra inimigos externos.

Dois grandes presidentes (Abraham Lincoln e Franklin Roosevelt) foram glorificados pelas guerras que felizmente ganharam. Um derrotou a secessão do Sul. O outro venceu a Segunda Guerra Mundial. Além disso, os generais Ulysses Grant e Dwight Eisenhower, que comandaram suas tropas, acabaram na Casa Branca.

Trump entronizou no Salão Oval um retrato de seu queridinho, o general Andrew Jackson. Ele lutou contra os ingleses e se elegeu em 1828. Era um demagogo audacioso, hoje seria um perfeito populista. Jackson foi um ferrabrás com os índios e, durante o mandarinato do companheiro Obama, retiraram-no da frente da nota de US$ 20. Para o lugar foi a abolicionista negra Harriet Tubman.

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ASSOMBRAÇÃO

Quando Michel Temer resolveu deixar o Palácio da Alvorada e voltou a morar na casa do Jaburu, circulou a história de que a velha residência do presidente fosse mal-assombrada. Conversa fiada.

Mal-assombrado é o Jaburu. Não se pode saber se o encosto vem de Joesley Batista ou do próprio Temer.

Raquel Dodge não deveria ter ido lá.

HONORÁRIOS

A Operação Lava Jato e a arrogância dos maganos que lesavam a Viúva fizeram a festa dos criminalistas que tratam os clientes como réus e não como patrões. Um pequeno grupo de competentes felizardos trabalha com a bandeirada na casa do milhão de reais.

Um advogado que rala e conhece a história do Brasil informa que, no início do século passado, Rui Barbosa recebia da Light 2.000 contos por mês, equivalentes a 150% do salário de um senador. Em dinheiro de hoje, isso daria uns R$ 50 mil por mês.

É sempre bom lembrar que a Light do século 20 mantinha os melhores advogados do Rio na sua folha de pagamento, para que não litigassem contra ela.

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo é um idiota e ficou feliz ao ouvir Michel Temer dizer que "o governo não mente para o povo brasileiro".

O cretino sempre sustentou que Temer só mentiu numa ocasião, quando conversou com o beato Joesley Batista no Jaburu. Afinal, se Temer não estivesse dissimulando, até Eremildo concorda que ele deveria ter sido afastado pela Câmara.

PÉ NO FREIO

Lula fez saber aos mais aguerridos comissários petistas que eles devem pisar no freio. Episódios como o das senadoras que transformaram a Mesa Diretora da casa em balcão de lanchonete ou o surto de bolivarianismo que acometeu um pedaço da intelectualidade petista podem inviabilizar uma candidatura presidencial em 2018.

Lula é quase monótono: se o PT perder a classe média, o fracasso é certo. Um pedaço dessa classe média já foi embora e trata-se de ir buscá-la de volta. Como? Ele ainda não sabe direito.

EIKE & CABRAL

Se Eike Batista colaborar direito com a Viúva, encrencará a vida de Sérgio Cabral ao contar como obteve a licença ambiental para o porto do Açu.

Quando navegava na própria arrogância, Eike dizia que emprestava seu avião a Cabral e ninguém tinha nada a ver com isso.

FUNDO ELEITORAL

Se ninguém fizer nada, e tudo indica que nada será feito, o Congresso aprovará a criação de um fundo de financiamento para os candidatos a cargos eletivos em 2018.

Pretende-se torrar algo como R$ 3,6 bilhões financiando candidaturas. Do jeito que estão as coisas, cada partido receberá sua cota e distribuirá o dinheiro como quiser.

É uma receita para o caos. Os candidatos a deputado de um partido que não tem nomes disputando as eleições majoritárias de presidente, governador ou senador poderão botar mais dinheiro nas disputas proporcionais. Pelo absurdo, um candidato a deputado do PP poderá dispor do dobro da verba de um rival do PMDB.

Um caos alimentado com o dinheiro do contribuinte. Algo como R$ 17 de cada brasileiro.


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