Folha de S. Paulo


A segurança dos magistrados está no mundo do pós-verdade

Mateus Bonomi/Agif/Folhapress
Os ministros Ricardo Lewandowski e Edson Fachin - A Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), sob a presidência do ministro Gilmar Mendes, realiza sessão para julgamentos, nesta terça-feira (30) em Brasília (DF).
Os ministros do STF Ricardo Lewandowski e Edson Fachin

Eremildo é um idiota e acha que qualquer crítica aos benefícios, mordomias ou férias de juízes, procuradores, desembargadores e ministros do tribunais de Brasília é um atentado ao Estado de Direito.

O cretino entende que a notável sabedoria dos magistrados justifica o fato de alguns deles receberem de R$ 10 mil a R$ 40 mil por palestras. Ele concorda com o ministro Ricardo Lewandowski, que desossou uma decisão do Conselho Nacional de Justiça que os obrigava a divulgar quanto recebiam por tão exaustiva atividade. O ministro explicou que quis defender a integridade física dos doutores, porque "quando nós divulgamos valores econômicos, nós estamos sujeitos, num país em crise, num país onde infelizmente a nossa segurança pública ainda não atingiu os níveis desejados..."

Tudo bem, mas Eremildo não entende por que há magistrados protestando contra a decisão do Conselho Nacional de Justiça que mandou acabar com as placas especiais dos carros oficiais dos 365 desembargadores de São Paulo. Elas informam que o carro (pago pela Viúva) serve a um magistrado. Se os doutores devem ter a excelência de seu ganhos resguardada, não deveriam andar por aí com placas especiais. Mas o negócio parece ser outro, pois na reclamação, informou-se que com placas iguais às da patuleia os doutores "estarão sujeitos a toda uma série de inseguranças em um trânsito caótico".

O idiota desconfia que a segurança dos magistrados está no mundo do pós-verdade. Na hora de revelar ganhos, convém omitir. Na hora de andar na rua, onde vigoram as leis do trânsito, convém exibir.


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