Folha de S. Paulo


O PSDB tem de tudo, menos o novo

William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress
João Doria (foto) condenou Aécio Neves por usar palavrões, mas tolerou pedido de R$ 2 milhões
João Doria (foto) condenou Aécio Neves por usar palavrões, mas tolerou pedido de R$ 2 milhões

Dá pena a encalacrada em que se meteu o PSDB. Não é capaz de decidir se fica ou sai do governo de Michel Temer e também não sabe o que fazer com Aécio Neves, seu presidente e candidato derrotado na eleição de 2014. Se o PSDB tivesse algo de novo a oferecer, já teria aparecido alguém pedindo a defenestração de Aécio.

Segundo FHC, o prefeito João Doria seria um exemplo desse novo. Diante dos grampos de Joesley Batista, Doria condenou Aécio: "Quem usa esse tipo de linguagem não tem condição de proceder com equilíbrio as suas funções." Tudo bem, o senador pede R$ 2 milhões ao empresário e o problema estava em meia dúzia de palavrões.

O PSDB não mostra nada de novo porque nada de novo há no PSDB.

Em 1999, a União Democrata Cristã da Alemanha foi apanhada num escândalo de caixa dois (nada a ver com propina). A caciquia, comandada pelo ex-chanceler Helmut Kohl, empurrava o caso com a barriga, até que apareceu um artigo da secretária-geral do partido, a quem Kohl chamava de "a menina". Era Angela Merkel e pedia que o partido passasse por uma faxina, sem Kohl.

Ele fora chanceler por 16 anos e reunificara a Alemanha. Deixou a política e, até sua morte, raramente falava da "menina". Há poucos anos Kohl contou que, quando lhe ensinou as manhas da política, a moça não sabia comer com garfo e faca. Angela Merkel, o novo de 1999, é a chanceler da Alemanha desde 2005.

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