Folha de S. Paulo


Lula não se lembra do que disse em fevereiro

Pedro Ladeira/Folhapress
Apesar de hoje negar pretensão de conversar com Temer, Lula sugeriu a ele encontros em fevereiro
Apesar de hoje negar pretensão de conversar com Temer, Lula sugeriu a ele encontros em fevereiro

A memória de Lula está falhando. Ele anunciou que gostaria de conversar com Fernando Henrique Cardoso, mas não quer se encontrar com Temer. Nas suas palavras ao repórter Kennedy Alencar: "Eu, sinceramente, não tenho muito interesse de conversar com o Temer, porque a forma como ele chegou no governo não condiz, inclusive, com as conversas que eu tive com ele".

Essa frase de construção acrobática é falsa como uma nota de R$ 3. Em fevereiro, quando Temer foi visitá-lo no hospital Sírio-Libanês, durante a agonia de Marisa Letícia, foi Lula quem falou da conveniência de novos encontros, inclusive com a presença de Fernando Henrique Cardoso.

A proposta ocorreu logo nos primeiros minutos da visita, quando os dois já estavam sentados, e foi testemunhada por cerca de dez pessoas. Temer disse-lhe que aceitava a sugestão e deu-lhe um tapinha na perna.

Se Lula não consegue lembrar de uma conversa ocorrida há menos de três meses, pode-se entender que não lembre quem é o dono do apartamento do edifício Solaris e do sítio de Atibaia.

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Lula preso

Tem muita gente querendo ver Lula na cadeia.

Essa cena parece ser uma solução. A menos que Lula seja trancado para começar a cumprir uma sentença, prendê-lo preventivamente ou por desacato ao juiz Sergio Moro cria um problema novo: soltá-lo.

Assim, prende-se um réu e solta-se um mártir, cuja libertação terá sido pedida em manifestações realizadas no Brasil e no exterior.

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Mato Grosso

Quem ouve os deuses do Pantanal acha que Silval Barbosa, ex-governador de Mato Grosso, que foi preso pela quinta vez em fevereiro passado, está muito perto de uma colaboração com o Ministério Publico.

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O Rio dá certo

Em fevereiro passado seis jovens do colégio Santa Teresinha, de São Gonçalo, estavam à beira de uma frustração. Haviam sido aceitos numa competição da Nasa, a agência espacial americana, para modelos de veículos de transporte em terrenos de outros planetas, mas não tinham os R$ 40 mil necessários para viajar até os Estados Unidos.

Denominando-se Spacetroopers, recorreram a uma vaquinha eletrônica. O dinheiro apareceu, eles embarcaram, participaram do certame com outras cem equipes de oito países e voltaram com dois dos dez prêmios oferecidos aos estudantes do ensino médio. O grupo distinguiu-se pela liderança, criatividade e empenho para resolver problemas.

No século 18, o Rio de Janeiro sobreviveu ao saque do corsário francês Duguay Troin. No 21, com a ajuda de jovens como os Spacetroopers, dará a volta por cima dos saqueadores contemporâneos.

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