Folha de S. Paulo


A Operação Quinto do Ouro encostou na mina

No arrastão da operação Quinto do Ouro, a Polícia Federal levou para depor o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio, Lélis Teixeira.

Ele acumula a donataria com a presidência do Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio. O doutor vem a ser o braço esquerdo e a perna direita de Jacob Barata, o Rei dos Ônibus, dono de uma frota de 6.000 veículos.

Atribui-se aos dois, ao então governador Sérgio Cabral (hoje em Bangu) e ao deputado Jorge Picciani (também levado para depor) a articulação que resultou na concessão de um incentivo fiscal reduzindo em 90% a alíquota do ICMS que pagavam ao Erário fluminense (hoje falido).

Esse e outros mimos representaram uma perda de arrecadação para o Estado e para a cidade estimada em R$ 100 milhões anuais.

A operação Quinto do Ouro e o depoimento de Lélis jogarão luz sobre essas iniciativas e ele será um valioso colaborador, sobretudo pela moldura intelectual em que coloca a concessão do mimo.

Segundo Lélis Teixeira, "o incentivo fiscal, aprovado pelo Legislativo, não é direcionado às empresas de ônibus, mas sim a seus usuários, que na ausência do benefício estariam pagando uma tarifa mais elevada.

É uma política pública que beneficiou diretamente, por meio de tarifa reduzida, milhões de passageiros somente em 2016."

A Polícia Federal e o Poder Judiciário poderão destrinchar essa questão. Se a teoria de Lélis está certa, ele e Barata são dois beneméritos, sendo-lhes devido um pedido de desculpas. Se a história ti- ver sido outra, outra terá sido a história.

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