Folha de S. Paulo


Bezos traz a boa notícia para a imprensa

Joe Klamar - 6.set.12/AFP
Presidente-executivo da Amazon, Jeff Bezos
Presidente-executivo da Amazon, Jeff Bezos

Em 1994 Jeff Bezos viu que o mercado de venda de livros era jurássico, alugou uma garagem, criou a Amazon, transformou-a na maior rede eletrônica varejista e tornou-se o quarto homem mais rico do mundo, com uma fortuna de US$ 66 bilhões. Em 2013, ele comprou o decadente "Washington Post", um glorioso jornal do fim do século passado. Em apenas três anos, Bezos mostrou a que veio. Quase todos os jornais do mundo estão demitindo. Ele está contratando 60 jornalistas para uma redação de 700. O "New York Times", que vem se adaptando ao novos tempos, ganhou um rival na qualidade e nos números.

O "Post" ainda perde para o "Times" na liderança da audiência digital, mas Bezos levou o jornal a repetir o lance de Adolph Ochs, seu patriarca. Em 1904, correndo o risco de falir, ele baixou o preço do jornal de três centavos para um centavo.

O mundo do papel impresso está de saída e, no das assinaturas eletrônicas, os custos de impressão desaparecem. Em 2010, o "Times" vendia suas assinaturas de papel por US$ 200 anuais, e Steve Jobs reuniu-se com a caciquia do jornal aconselhando-a a vender uma versão eletrônica por US$ 5. No ano seguinte, o jornal lançou essa modalidade de assinaturas, cobrando US$ 35 por quatro semanas. Baixou para US$ 25, e agora oferece uma assinatura com duração de 12 meses por US$ 6. A partir do ano seguinte, pretende cobrar US$ 15, mas o freguês pode cancelar a assinatura quando o desconto caducar.

O "Post" derrubou seu preço e vende suas assinaturas por US$ 9 mensais, oferecendo as primeiras quatro semanas por apenas US$ 0,99. (Isso dá US$ 8,25 por mês.)

Bezos comprou o "Post" porque entendia de internet. Investiu na engenharia, mas jogou dinheiro no jornalismo. Seu último cheque ficou em torno dos US$ 50 milhões, 20% do que ele pagou pelo jornal, 0,07% do seu patrimônio.

Há mais de dez anos tenta-se descobrir para onde vai a atividade jornalística. É muito provável que a rivalidade do "Post" com o "Times" mostre.

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