Folha de S. Paulo


A cabeça do criminoso de colarinho branco

Saiu nos Estados Unidos o livro "Why They Do It" ("Por que eles fazem isso – A cabeça do criminoso de colarinho branco"). Assim como o "Too Big to Jail" ("Muito grande para ser mandado para a cadeia") é um daqueles livros que, lidos por empresários podem ajudá-los a economizar fortunas e até mesmo a preservar a própria liberdade.

O autor de "Why They Do It" é o professor Eugene Soltes, da Harvard Business School. Durante sete anos, ele entrevistou e correspondeu-se com cerca de 50 empresários condenados por fraudes, alguns deles presos. Ouviu o inesquecível Bernard Madoff, que explodiu em 2008 e hoje rala uma pena de 150 anos pela sua pirâmide que custou pelo menos US$ 20 bilhões a investidores.

Soltes foi fundo. Ele conta a história do combate a esse tipo de crime desde 1939, quando o professor Edwin Sutherland cunhou a expressão "crime de colarinho branco". Sua conclusão é de que que todas as teorias vigentes (cobiça, arrogância ou custo-benefício) não ficam de pé. O criminoso de colarinho branco faz o que faz porque acha que dá.

Às vezes o sujeito acha que dá e não percebe que com um simples telefonema pode arruinar sua vida. Um professor tinha uma empresa de biotecnologia e criou uma droga que curava um tipo de câncer, mas a agência reguladora não terminara as pesquisas para liberá-la com essa especificação. Quando ele farejou que a licença não viria, telefonou para a filha e disse-lhe que deveria vender as ações da empresa que lhe dera. Os papéis valeram US$ 2,5 milhões. Dias depois a licença foi negada, e as ações perderam dois terços do valor. O professor ficou sem a empresa e viu-se condenado a sete anos de prisão. Estava na cadeia quando a agência reconheceu o valor da sua droga. A firma que pertencera ao professor foi comprada por US 6,5 bilhões.

Segundo Madoff, há dois tipos de delinquentes, o que pretende cometer o crime desde a primeira hora e aquele que dá o primeiro passo pensando que conseguirá sair, mas vai em frente. Ele se coloca no segundo, mas essa pode ser mais uma de suas mentiras.


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