Folha de S. Paulo


Um sobrenome e a História do Brasil

Na quinta-feira (17), Paulo Fernando Magalhães Pinto, assessor e laranja de Sérgio Cabral entregou-se à Polícia Federal. Com a entrada de um Magalhães Pinto na carceragem viaja-se pela história de três gerações do andar de cima de Pindorama.

Na raiz dessa árvore esteve a suave figura de José de Magalhães Pinto, um modesto bancário que se tornou um líder empresarial durante o Estado Novo. Em 1943, aos 33 anos, assinou o Manifesto dos Mineiros pedindo a redemocratização do país, perdeu todos os empregos. Magalhães fundou o banco Nacional, que se tornou um dos maiores do país. Entrou para a politica, elegeu-se deputado e governador de Minas Gerais, derrotando Tancredo Neves. Em 1964, foi o mais destacado líder civil na deposição de João Goulart.

Com uma calva inesquecível e modos gentis, não ganhou a estima dos militares mas, mesmo assim, em 1967, foi nomeado chanceler e um ano depois assinou o Ato Institucional nº 5. Perdeu o rumo e viu-se condenado a papéis de coadjuvante, apesar de ter chegado à presidência do Senado. Nunca praticou violências quer contra o erário, quer contra pessoas físicas. Em 1985, numa trapaça do destino, votou em Tancredo Neves, seu adversário histórico. Meses depois teve um acidente vascular cerebral do qual não se recuperou até sua morte, em 1996.

Magalhães já não estava consciente quando seu banco, administrado pelos filhos Marcos e Eduardo foi à garra. Marcos passou um breve período na cadeia. Ana Lúcia, uma de suas irmãs, era mulher do filho do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Outra, Maria Virgínia, é a mãe de Fernando Magalhães Pinto, o amigo de Sérgio Cabral.

A ruína do Nacional deixou um rombo estimado em R$ 6,7 bilhões e ele foi absorvido pelo Unibanco. Em 1995, dez anos depois da quebra do banco, Eduardo Magalhães Pinto, irmão de Marcos e de Maria Virgínia estava na lista de viajantes VIPs da Alfândega do Rio de Janeiro.

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