Folha de S. Paulo


"Desorientação espacial"

BRASÍLIA - Conforme a Folha publicou em 15/8, dois dias depois da morte de Eduardo Campos e de seis outras pessoas, a hipótese mais plausível para o acidente ainda é "desorientação espacial" do piloto do Citation 560 XL.

Pode ocorrer, por exemplo, com um movimento brusco da cabeça para olhar para fora durante a arremetida, que é procedimento quase sempre tenso, especialmente em condições meteorológicas adversas. E não se trata só de mera "tontura", é algo bem mais grave do que isso.

Dentro da cabine, o piloto fica desorientado, deixa de ter noção da posição do avião em relação à terra. Não sabe se está voando de lado, embicando para cima ou para baixo. É como se estivesse solto no ar.

Nessas circunstâncias, os pilotos são treinados para desprezar suas próprias sensações e se concentrar nos instrumentos do painel. São eles que vão dizer qual é a efetiva posição do avião e que procedimentos adotar para repor o voo no prumo, na altitude e na direção correta.

A nova imagem da queda, na prática a primeira de fato importante para as investigações, confirma que o avião caiu em ângulo muito acentuado e possivelmente com a potência máxima. Para especialistas, isso pode indicar que o piloto acelerou ou porque perdera o controle da aeronave, ou porque achava que estava subindo, sem perceber que o avião na verdade embicava para baixo.

Essa hipótese é reforçada porque o avião não pegou fogo no ar, como, aliás, já vinham alertando o comandante da FAB, Juniti Saito, e o chefe do Cenipa (que investiga acidentes aeronáuticos), Dilton Schuck.

Há muito o que apurar, inclusive se os pilotos seguiram o manual do fabricante ao arremeter e por que o avião foi duas vezes numa semana (de agosto, frise-se) à manutenção.

Mas a principal hipótese é falha humana, como, de resto, ocorre em 80% dos acidentes aeronáuticos. Sobretudo se o comandante da aeronave, dias antes, se dizia "cansadaço".


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