Folha de S. Paulo


Motoristas de aplicativos deveriam ter veículos que freiam sozinhos

Fabrizio Bensch/Reuters
Visitante testa o novo sistema de navegação do novo Golf da Volkswagen, durante a cerimônia de lançamento, em Berlim (Alemanha). ORG XMIT: RSS35 A guest checks the navigation system of a new Volkswagen Golf model during the launch ceremony in Berlin September 4, 2012. The new model is planned to go on sale across Europe in November, replacing the 2008 sixth-generation model. Volkswagen is hoping a sleek makeover will keep its Golf in the best-selling compact car spot, helping the German automaker overtake Toyota and GM as the world leaders. REUTERS/Fabrizio Bensch (GERMANY - Tags: TRANSPORT BUSINESS)
Navegador GPS incorporado a sistema de som automotivo

Dez anos se passaram desde que o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) regulamentou o uso de navegadores automotivos por GPS. O que a lei não poderia prever naquela época era a chegada dos aplicativos que modificaram a forma de se locomover pelas grandes cidades.

Os motoristas mantêm-se conectados o tempo inteiro. O smartphone é a principal ferramenta de trabalho, mais importante que o carro. Aí ocorrem situações como a presenciada na zona oeste de São Paulo.

O veículo adiante parou repentinamente e seu pisca-alerta foi acionado. Era um modelo compacto, cinza. Alguém desembarcou, o automóvel partiu, e seu motorista fez uma conversão desastrada à esquerda, seguida por buzinas. As luzes continuaram a piscar.

O brilho emitido por um celular grudado ao para-brisa permitiu concluir: era um veículo de trabalho, acionado por meio de aplicativo.

Um GPS moderno pode ser acionado por voz e emitir indicações sonoras que evitam tirar os olhos da estrada. Aplicativos de transporte –sejam para táxis convencionais ou Uber e similares– exigem maior interação, com toques na tela.

Um automóvel a 60 km/h percorre 33 metros em dois segundos. Basta um instante de distração para que um acidente aconteça.

A Uber orienta seus parceiros –há mais de 50 mil Brasil afora– a só manusearem o aplicativo enquanto o smartphone estiver em um suporte adequado. Além disso, se o motorista estiver com o telefone na mão, corre o risco de ser multado. Seja como for, sempre haverá algum nível de desatenção na pista.

Punir não é a solução. Problemas causados por novas tecnologias são resolvidos com mais tecnologia.

Carros a serviço deveriam trazer sistemas de frenagem automática, que param o automóvel na iminência de um atropelamento. Há também sensores que leem as faixas no asfalto e alertam o motorista caso seu veículo invada a pista ao lado.

São itens já disponíveis em carros à venda no Brasil, embora ainda restritos a modelos que custam mais de R$ 100 mil, longe da realidade dos motoristas de aplicativo.


Endereço da página: