Folha de S. Paulo


Alta dos jipinhos é a melhor notícia de 2016 para a indústria automotiva

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O recém lançado Jeep Compass
O recém lançado Jeep Compass

"Bem-vindo à vida", dizia a propaganda do Ford EcoSport nos idos de 2003. O utilitário compacto foi o furacão daquele ano, e o que veio depois é uma história longe do fim. Hoje, SUVs de todos os tamanhos são a salvação de uma indústria que passa pelo vale de lágrimas.

Clientes dispostos a pagar perto de R$ 100 mil por uma picape ou jipinho bem equipados têm alta renda e crédito disponível.

De acordo com Sérgio Ferreira, diretor comercial do grupo FCA, o índice de aprovação de financiamento para compradores da Fiat Toro (a partir de R$ 82.930) ou do recém-lançado Jeep Compass (R$ 100 mil na versão mais simples) ultrapassa os 70%.

É um assombro. Segundo dados da Fenabrave (federação que reúne os distribuidores de veículos), o índice médio de aprovação de crédito no mercado automotivo está na casa dos 30% das solicitações.

Para as fabricantes, a alta desse segmento compensa, em parte, a queda entre os carros compactos. A margem de lucro sobre um modelo popular é menor tanto em valores reais quanto em percentual.

Se considerarmos a versão mais cara do Ford Ka, o sedã 1.5 SEL Plus, teremos um preço sugerido pela fábrica de R$ 59.790. Esse modelo divide plataforma com o EcoSport, ambos são feitos em Camaçari (BA). Porém, o jipinho custa R$ 71.650 na versão mais simples, 1.6 SE.

Se o cliente quiser que seu utilitário compacto da Ford tenha os mesmos itens do sedãzinho completo (controles de tração e estabilidade, retrovisores elétricos...), terá de gastar cerca de R$ 80 mil.

Assim é o mercado: os valores de venda não são baseados apenas nos custos de manufatura. A conta envolve escala de produção, preços de componentes mais sofisticados e, principalmente, status e desejo.

Portanto, se há uma notícia boa para a indústria automotiva em 2016, essa é a ascensão dos utilitários. Em um cenário de leve recuperação em 2017, serão os jipinhos e jipões que garantirão a retomada da lucratividade. Muitos ainda estão por vir, e podem ser maioria no portfólio de grandes marcas.


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