Folha de S. Paulo


Tipo exportação

Um veículo com carroceria coberta por adesivos quadriculados circula pelo interior de São Paulo. A camuflagem tenta esconder os contornos de faróis e lanternas, mas as proporções não deixam dúvidas: é o novo sedã Toyota Yaris.

Do porte de um Honda City, seria um modelo interessante para o mercado nacional. Contudo, a marca de origem japonesa afirma não ter planos para o veículo no momento. Sua presença se limitaria a testes para outros mercados.

O Toyota não é o único "segredo" a rodar por aqui. Parte do desenvolvimento de produto do grupo FCA passa pelo Brasil, e vez por outra um modelo Alfa Romeo, Fiat, Jeep ou até Maserati é visto por aqui, mesmo que sua chegada ao país seja pouco provável.

Esses episódios revelam o quanto os departamentos de design e de engenharia ganharam força no país. As montadoras criaram centros de excelência antes restritos às matrizes.

Profissionais brasileiros também cruzaram fronteiras. Os irmãos Marco Antonio e José Carlos Pavone foram para a Volkswagen na Alemanha, onde trabalham como gerentes de design. A atuação deles é vista em projetos que circulam por ruas de todo o planeta, como o Jetta e o Up!.

Ver esses exemplos leva a uma triste constatação: o momento da indústria nacional aumentará o abismo entre os carros em testes pelas ruas do país e os que efetivamente chegarão às nossas garagens.

Um mercado em queda e com perspectivas ainda nebulosas não é o cenário ideal para promover avanços técnicos. As montadoras tendem a andar para trás, prorrogando a vida de veículos que já se pagaram e atrasando lançamentos.

Porém, não se avança tanto em áreas de engenharia e tecnologia sem que haja planos para além de 10 anos. As fabricantes andam perdendo rentabilidade e cortando pessoal, mas sabem do potencial do mercado.

Todos choram vendo o filme triste, mas ninguém quer sair do cinema antes de a sessão terminar.


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