Folha de S. Paulo


O ano dos novos motores

Uma revolução mecânica se desenvolve à sombra da crise na indústria automotiva nacional e aos poucos chega ao mercado. São mudanças pouco visíveis, porém mais significativas do que retoques de estilo.

O desenho de um carro muda a cada três anos, seja por meio de uma renovação completa ou em pequenos detalhes visuais. Já os motores têm vida longa, pois seus projetos precisam atender a várias gerações de diferentes veículos.

Contudo, em uma rara conjunção de fatores, tudo está acontecendo ao mesmo tempo em 2016.

A partir de outubro, as fabricantes deverão provar que a média de consumo de suas linhas de veículos foi reduzida em cerca 12% em relação à 2011. A base de cálculo foi definida pelo programa Inovar-Auto, do qual pouco se tem falado nestes tempos bicudos.

As montadoras que não atingirem a meta poderão ser punidas com multas vultosas. Já as que ultrapassarem o mínimo exigido serão beneficiadas com reduções progressivas na alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

Essa é a principal razão de tantos motores novos estarem surgindo ao mesmo tempo. A Ford já confirmou a chegada de seu 1.0 turbo ao Brasil, com três cilindros. A Hyundai terá a mesma solução em breve, bem como a Chevrolet e a Honda. Essas opções já estão disponíveis em outros mercados.

A Volks chegou primeiro com o 1.0 TSI do Up!, que também equipará versões das famílias Gol e Fox.

Tudo ao mesmo tempo, com ápice no Salão de São Paulo, em novembro. Lá estarão também o 1.4 turbo da GM (sob o capô da segunda geração do Cruze) e as evoluções mecânicas da linha Fiat.

Muitas das mudanças técnicas virão acompanhadas de renovações visuais de produtos, que sempre estimulam vendas. Aí reside a esperança da indústria de que 2016 seja um pouco melhor do que o projetado, ajudando a amortizar os altos investimentos em renovação tecnológica.


Endereço da página: