Folha de S. Paulo


Estabilidade e segurança

O noticiário pesado dos últimos dias suplantou um importante evento realizado há duas semanas em Brasília: a Segunda Conferência Global de Alto Nível sobre Segurança no Trânsito.

As discussões mostraram o quanto é necessário evoluir para que os índices de mortes nas estradas diminuam, a começar pela melhor formação dos motoristas. A legislação também precisa avançar.

Em 2014, a obrigatoriedade de airbags frontais e freios com ABS (que evitam o travamento das rodas em frenagens de emergência) em todos os automóveis de passeio à venda no Brasil foi um passo importante. Porém, é pouco diante do que as fabricantes podem oferecer.

De acordo com projeções feitas pelo Global NCAP (organização independente que avalia a segurança de carros), 34 mil mortes no trânsito serão evitadas em 2030 caso os veículos disponíveis no Brasil sejam equipados com ESC (controle eletrônico de estabilidade).

Funciona assim: se o sistema detectar que o motorista está, por exemplo, perdendo o controle em uma curva, o equipamento atua nos freios e no motor para manter o carro na trajetória correta.

Em países como Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Rússia e Japão, o ESC já é item obrigatório. Na Argentina, esse recurso de segurança está em fase de implementação.

E no Brasil? Durante a conferência global foi escrito o Projeto de Declaração de Brasília, um documento que sugere medidas para reduzir as mortes no trânsito. O ESC é citado no tópico "Ações recomendadas para desenvolver e promover o uso de veículos mais seguros".

Isso significa que ainda estamos na fase de estudos, sendo que fabricantes e fornecedores têm plenas condições de oferecer controle eletrônico de estabilidade nos carros novos. A instalação desse dispositivo nas linhas de montagem é bem menos complexa do que a colocação de airbags e interfere de forma muito mais efetiva na segurança.


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