Folha de S. Paulo


Não dá mais pra segurar

Ansiosas por conquistar mercado e assim justificar a instalação de fábricas no Brasil, marcas como Audi, BMW e Mercedes reduzem margens e oferecem seguidas promoções. O que uma faz, as outras são obrigadas a copiar. Contudo, tal movimento chegou a seu limite.

Automóveis mais sofisticados têm valor elevado não somente por status ou pela lista de equipamentos. É preciso maior rentabilidade para compensar as vendas modestas. Funciona assim no mundo inteiro com qualquer produto premium.

Entretanto, as fábricas de carros de luxo que produzem - ou estão prestes a produzir - no país estão sujeitas aos mesmos problemas atuais de outros setores: inflação elevada, sobreposição de tributos e, principalmente, a desvalorização do real diante do dólar e do euro.

Como a maior parte dos componentes ainda vem do exterior e os automóveis produzidos aqui são voltados para o mercado interno, o impacto nos custos é alto. Não será possível segurar os preços por mais um ano, apesar dos riscos que reajustes impõem às vendas.

É provável que não encontremos sedãs zero-quilômetro como BMW 320i ou Mercedes C180 por menos de R$ 140 mil em suas versões de entrada. Isso não significa que serão vendidos sem lucro caso não ocorram reajustes na tabela, mas, na média, o percentual faturado por unidade será insuficiente para justificar a produção local.

No Brasil, o emplacamento crescente de carros de luxo chama a atenção em um cenário desfavorável, mas ainda lida com baixos volumes.

Por exemplo, a alemã Audi vendeu 13,8 mil carros de passeio entre janeiro e outubro, um expressivo avanço de 36% sobre o mesmo período de 2014. Mas isso representa apenas 0,8% do mercado nacional, que está em queda livre.

Exportar seria uma saída para aproveitar a desvalorização do real, mas faltam acordos e logística que facilitem o processo. Será difícil escapar do aumento de preço.


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