Folha de S. Paulo


Movimento e mobilidade

O homem ancestral acordou confuso. Havia um estranho objeto em frente à sua caverna, colocado pelo deus trovão ou por um vizinho gaiato.

Eram duas pedras circulares, ligadas por um eixo de madeira.

Ele grunhiu amaldiçoando os céus por aquela traquitana que fechava seu caminho, mas logo achou uma utilidade.

Séculos depois, o homem viu que não seria mais preciso de força humana ou animal para fazer a peça pré-histórica se mover.

Havia vapor, eletricidade, combustão. E nos pusemos em movimento sobre a terra.

Hoje, a questão não é o movimento, mas a mobilidade. Quando o Salão de Tóquio a coloca em questão com seu tradicional foco no futuro, as coisas começam a ganhar forma.

Os conflitos entre tecnologias limpas e prazer em dirigir se dissipam. O medo de nossos carros se tornarem robôs, também.

As ruas da cidade estão repletas de pequenos carros particulares e de grandes táxis. Muitos desses serão passado após os Jogos Olímpicos de 2020.

Tóquio quer veículos não poluentes circulando em seu centro nervoso, dotados de recursos autônomos. Nas áreas externas, o motorista terá o controle de seu carro e poderá optar por diferentes níveis de interação com a máquina.

Carros terão de evoluir rápido como smartphones, aceitando, inclusive, atualizações. As montadoras terão de fazer novas parcerias industriais, pois não darão conta sozinha das novas demandas.

Tenho lido previsões sobre o fim das fabricantes de automóveis, como se o surgimento dessa nova era ocorresse em árvores ou por meio do estalar dos dedos de Deus. "No sexto dia Ele criou o Apple Car e depois descansou", deve ser assim que irá acontecer na visão de alguns.

No salão, as marcas exibem seu senso de oportunidade. Se os carros mudarem radicalmente seguindo a vontade do consumidor, elas querem estar prontas para produzi-los.


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