Folha de S. Paulo


Bom exemplo em meio à crise

Achar exemplos atuais de sucesso na indústria automotiva, principalmente no setor de fornecimento de peças, é uma difícil missão.

Em um mercado alicerçado no consumo interno, a queda nas vendas -com as consequentes paradas de produção- têm feito um estrago e tanto entre as fabricantes de componentes, que vinham em forte processo de expansão desde o início da década passada.

Empresas que precisavam produzir em três turnos para atender ao calendário apertado das montadoras agora estão demitindo e contabilizando prejuízos longe dos holofotes. Os números são de arrepiar qualquer associação de classe.

O Sindepeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) estima que 50 mil trabalhadores tenham perdido o emprego em suas afiliadas nos últimos 18 meses.

Contudo, existem exceções. A Mahle, empresa alemã que se fortaleceu no Brasil em 1996 após adquirir a Metal Leve, tem se mantido saudável por meio de um plano de longo prazo seguido com disciplina.

A estratégia foi traçada há quase 20 anos e é dividida em três pilares: montadoras, mercado de reposição e exportações. Há um esforço contínuo para manter esse equilíbrio, apesar de todas as oscilações do mercado e da moeda.

Parece algo óbvio, mas é exceção em um país em que as vendas internas crescentes levaram a uma blindagem excessiva da indústria automotiva, que hoje mostra suas fragilidades de casca de ovo. Não por acaso, foi uma fornecedora de assentos para veículos a primeira empresa a aderir ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego).

Ao equilibrar as operações, a Mahle consegue compensar em parte as perdas internas com a maior rentabilidade das exportações em tempos de dólar em elevação.

A empresa alemã não está imune à crise, mas a situação é bem pior para quem investiu tudo no fornecimento às montadoras.


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